O Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) de Mato Grosso cumpriu dois mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão em Cuiabá e Várzea Grande, com o objetivo de desmantelar três organizações criminosas. Os grupos seriam responsáveis pela falsificação de agrotóxicos, além de praticar lavagem de capitais, corrupção ativa e passiva e falsidade ideológica em documentos públicos e particulares.
O cumprimento das ordens judiciais faz parte da Operação Princípio Ativo, coordenada pelo Gaeco e pela Corregedoria da Polícia Civil do Estado de São Paulo.
De acordo com as investigações, a formatação e escalonamento das quadrilhas são complexos e extensos, sendo que a organização possui ao menos nove células interligadas, desde a chefia da organização, passando por núcleos de financiadores, falsificadores e corretores, até o núcleo envolvendo agentes públicos, sendo esse último composto por um policial civil.
Foi possível delinear que, somente em 2018 e em relação a apenas duas empresas utilizadas pelo grupo, foram emitidas 808 notas fiscais falsas, cujos valores totais ultrapassam R$ 110 milhões, sendo que, ao longo dos anos, as organizações criminosas constituíram e utilizaram ao menos 51 pessoas jurídicas.
Durante as investigações, foi apurado que as atividades criminosas inerentes à falsificação e contrabando de agrotóxicos causam, no cenário nacional, somando os impactos diretos e indiretos, prejuízos na casa de R$ 11 bilhões aos setores econômicos, R$ 3,2 bilhões em PIB, 39,7 mil postos de trabalho e R$ 1,4 bilhão em salário dos trabalhadores, fora o prejuízo direto à indústria de defensivos agrícolas de cerca de R$ 5,4 bilhões, vindo a impactar, portanto, não só a saúde da população, como toda a economia nacional, já que o setor de falsificação representa de 10% a 20% do mercado legal no Brasil.
A investigação culminou com o oferecimento de três denúncias pelo Gaeco e já recebidas pelos juízos de Igarapava/SP, sendo que, além das medidas de buscas e prisões, diversas outras já foram ou serão oportunamente deduzidas, tais como pedidos de sequestro de bens e medidas correlatas destinadas à recuperação dos prejuízos provocados pela atuação de referida organização criminosa, além da suspensão da atividade comercial de empresas utilizadas para lavagem de capitais.
No total, foram expedidas 195 ordens judiciais, sendo 160 mandados de busca e 35 mandados de prisão preventiva. A força tarefa contou com a atuação de cerca de 600 policiais militares e dezenas de promotores e servidores do Ministério Público. As diligências foram executadas em nove cidades do Estado de São Paulo, além de outros locais situados em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.