Por: Willian Reis
Depois de décadas sendo tratado como um verdadeiro “patinho feio”, o futebol amador, que já deixou de ser apenas um lazer de fim de semana, começou a atrair o interesse do poder público, principalmente neste período “pós pandemia do Covid-19”.
No mundo inteiro, e não diferente em Mato Grosso, o povo se trancou durante meses em casa, e a suspensão das principais competições do segmento em 2020 e parte de 2021 deixou o cenário completamente off-line.
De volta a rotina normal com a chegada das vacinas, os certames voltaram a ativa, e o público que estava trancado se libertou. E parece que o efeito manada fez voltar aquela vontade do povo frequentar os mais acanhados campos de bairros e beiras de todos os outros campos, sendo ele com ou sem grama.
Em 2022, a volta do Campeonato Peladão carimbou o rótulo de que o futebol amador é uma grande paixão da baixada cuiabana. Campos lotados, jogos de alto nível e mais de R$200 mil em prêmios.
Isso foi fundamental para que vereadores, deputados e prefeitos se aproximassem e se abrissem para conceder mais respaldo através de patrocínios e parcerias. Parece que daí por diante o “patinho” já não estava tão feio.
Este ano, por exemplo, o futebol amador está vento em popa. Prova disso foi a presença de mais de cinco mil pessoas no bairro Jardim Vitória para testemunhar um jogo apostado com valor total de R$100 mil no último dia 29 de abril.
Grades para separar o público do campo de jogo, transmissão ao vivo para o Brasil e mundo, massagista, fisioterapeuta, preparador físico, fotógrafos, entre outros profissionais que deixaram o espetáculo bem profissional.
O primeiro jogo do Cuiabá na Arena Pantanal válido pela Série A 2023 não colocou nem 10 mil pessoas nas arquibancadas. Estamos falando da elite do futebol brasileiro. Parece ser utopia, mas o Jardim Vitória não ficou longe disso. Público em massa, fogos, carro de som, euforia e muita torcida pro time de Mato Grosso que enfrentava um time de Goiás.
Pelo lado econômico, o futebol amador faz mágica. Espetinho, cachorro quente, pipoca, refrigerante, cerveja, água mineral e até balão para entreter as crianças, movimentam milhares de reais por dia de jogo. O emprego, mesmo que informal, também gira na beira de qualquer campo de futebol amador. Isso sem falar das remunerações dos atletas, algo que já existe a mais de 20 anos no meio. Quase ninguém joga de graça. O que deixa o sistema muito mais bruto do que se imagina.
Se levar em conta que o esporte é capaz de melhorar índices na saúde, educação, segurança e social, passou da hora dos agentes públicos mergulhar de vez nos projetos do futebol amador, para qualificar e melhorar aquilo que já é sucesso.
Não dá mais para ignorar a força do AMADORZÃO. E aquilo que é necessário para deixar os eventos mais eficientes e atraentes, é “café pequeno” para os políticos mato-grossenses.
Não sabemos se de fato o futebol amador será valorizado nos próximos dias, semanas, meses, anos. Mas uma coisa é certa, em Mato Grosso estamos no auge do segmento, e isso é mais do que suficiente para exigir que O FUTEBOL AMADOR MERECE RESPEITO.
Willian Reis é Jornalista em Cuiabá e proprietário do site A Bola da Vez