Estreante na carreira política, Amália Barros (PL) conseguiu somar mais de 70 mil votos e se elegeu deputada federal por Mato Grosso. Considerada um “azarão” na disputa, a parlamentar afirmou que muitos duvidaram que ela conseguiria sair vitoriosa do pleito, duvidando de sua força nas urnas.
“Muita gente não acreditava em mim, quantas vezes eu ouvia as pessoas falando: ‘Amália se fizer dez mil votos está muito bem feito’. E eu nem condeno essas pessoas, porque era muito difícil acreditar”, afirmou.
Em entrevista ao MidiaNews, a parlamentar atribuiu grande parte de seu êxito na campanha ao apoio que recebeu da primeira-dama do Brasil, Michelle Bolsonaro. A esposa do presidente assumiu publicamente que Amália era sua candidata pa Câmara Federal.
“Foi fundamental, o apoio dela me credibilizou. Eu até falei para ela: ‘Primeira-dama, nós nos elegemos deputada em Mato Grosso’, porque tenho certeza que sem o apoio dela eu não teria conseguido”, disse.
Grande apoiadora do presidente Jair Bolsonaro (PL), a deputada ainda defendeu a reeleição do líder do Executivo e declarou confiança plena de que não possibilidade de uma vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ao longo da entrevista, Amália também fala sobre questões polêmicas como legalização da maconha, porte de arma e destaca as bandeiras que irá defender quando assumir o cargo de Federal no ano que vem.
Confira os principais trechos da entrevista:
MidiaNews – A senhora acabou de ser eleita deputada federal. Foi uma surpresa essa vitória?
Amália Barros – Quero agradecer. Foram 70.294 votos de confiança, mas eu sei que tem muita gente que torcia por mim e gostaria de votar, mas tinha outras opções, outras prioridades. Eu vou honrar, quero fazer a minha parte para fazer um mandato bonito para dar orgulho para essas pessoas.
A ficha não caiu ainda, porque era um desafio muito grande. Eu nunca fui candidata a nada, foi a primeira vez e com muita gente boa, com muita gente experiente, então a gente chegar lá, tenho certeza, é um propósito de Deus na minha vida.
MidiaNews – Acredita que o apoio da primeira-dama Michelle Bolsonaro foi decisivo nessa vitória?
Amália Barros – Foi fundamental, o apoio dela me credibilizou. Eu até falei para ela: ‘Primeira-dama, nós nos elegemos deputada em Mato Grosso’, porque tenho certeza que sem o apoio dela eu não teria conseguido.
MidiaNews – É a sua primeira candidatura, por que decidiu entrar para a política?
Amália Barros – Sem estar na política, a gente já fazia um trabalho. A política foi consequência. A gente já tem um trabalho de luta e social há muitos anos. Eu sou pessoa com deficiência, fiz 14 cirurgias ao longo da minha vida e isso me levou a montar um instituto, que se chama “Instituto Amália Barros”, onde colocamos prótese em quem não tem condição.
Já colocamos 86 próteses em 86 pessoas de todos os estados brasileiros, nunca foi focado em apenas um Estado. Nunca tive pretensão política, o trabalho nunca foi feito com a intenção de construir uma história política, era algo que queria fazer para ajudar as pessoas com o mesmo problema que eu.
Eu vi que a política seria um caminho para a gente expandir esse trabalho, fazer por outras causas o que eu fiz pela minha. Foi daí, em um bate-papo com a primeira-dama Michele, que surgiu isso de eu tentar esse desafio de ser candidata.
MidiaNews – E como será sua linha de trabalho assim que assumir a cadeira na Câmara Federal? Quais pautas serão prioridades?
Amália Barros – Estou disposta a aprender. Eu nunca estive nessa posição, então estou estudando muito, aprendendo muito e estou super aberta a conselhos, sugestões e orientações das pessoas. Vou dar meu melhor, me dedicar totalmente para ser uma boa deputada, quero ser uma parlamentar de resultado, fazer um trabalho para as pessoas menos favorecidas, um trabalho social voltado para inclusão e para melhoria da Saúde, pelos raros, pelos autistas.
Meu sonho é conseguir ser uma deputada próxima das pessoas, acessível. Porque quando eu não estava na política e precisei que me dessem voz, alguns políticos me deram voz. Não esperem de mim um mandato polêmico, briguento, nada disso. Quero ser como sou, uma pessoa firme, com meus propósitos e as minhas orientações muito bem definidas e quero ter um mandato apaziguador e de serviço prestado para população.
MidiaNews – Como vê essa vitória de quatro deputados federais bolsonaristas eleitos aqui em Mato Grosso?
Amália Barros – Foi lindo, foi histórico. O PL fazer quatro cadeiras, era uma chapa muito forte, só craque. Eu era a mais inexperiente ali. Todos do partido já tinham disputado uma eleição ou já tinha tido algum cargo público. Eu era a novata, tanto é que estava muito feliz com os resultados, mas estava muito pé no chão, porque sabia das minhas dificuldades.
Quero trabalhar alinhada com todos os deputados do nosso Estado, com os do PL, mas quero poder trabalhar e me aproximar dos outros deputados também, ter uma boa relação com todas.
O fato da gente eleger quatro deputados do PL só mostra e reforça a força do nosso presidente do Estado. Todos nós éramos candidatos do Bolsonaro, defendemos o Bolsonaro, levamos o nome dele e assim a gente vai continuar. A campanha não acabou para mim.
MidiaNews – E agora vem o segundo turno na disputa pela presidência. Está confiante na reeleição do presidente Jair Bolsonaro?
Amália Barros – Estou muito confiante. Tenho certeza que a gente vai reverter esse cenário, que o nosso presidente Bolsonaro vai ser eleito no segundo turno e o que estiver ao meu alcance, a minha parte eu vou fazer. Em mim, ele vai ter uma cabo eleitoral determinada.
MidiaNews – Por nunca ter tido uma carreira política, a senhora tinha confiança de conseguiria se eleger em Mato Grosso?
Amália Barros – Eu não era conhecida no Estado. Tive um desafio gigante de levar minha história às pessoas, de levar meu trabalho já realizado. Eu moro em Mato Grosso desde 2016, quando casei. E a gente venceu esse desafio e conseguimos.
Acho que minha ficha não caiu, porque eu nunca contei com a vitória, sempre tive noção da dificuldade que tinha para enfrentar, sempre fui muito pé no chão e a gente trabalhou muito e colheu.
Eu não tinha base, até me assustei quando me filiei ao partido, porque as pessoas tinham base, tinham seus vereadores que apoiavam, os prefeitos, as lideranças e eu não tinha nada, não tinha ninguém. A gente fez uma campanha enxuta, com uma equipe reduzida, muita forças nas redes sociais, o apoio da Michelle, os vídeos que ela fez comigo, a propaganda eleitoral que ela fez comigo. Tudo foi conspirando.
MidiaNews – Podemos dizer que a senhora era considerada um “azarão” na disputa à Federal?
Amália Barros – Sim, isso mesmo. Muita gente não acreditava em mim, quantas vezes eu ouvia as pessoas falando: ‘Amália se fizer dez mil votos está muito bem feito’. E eu nem condeno essas pessoas, porque era muito difícil acreditar.
Uma menina que chegou em Mato Grosso em 2016, que ninguém conhecia, que nunca concorreu a nada, querer ser candidata a deputada federal em um partido com uma chapa fortíssima e ainda conseguir.
MidiaNews – Teme que o País volte a ser governado pela esquerda?
Amália Barros – Eu tenho certeza que Bolsonaro ganhará, mas de pensar que existe uma possibilidade, nem que seja mínima, do Lula voltar ao poder, me apavora. Primeiro, pelos exemplos que estamos assistindo em países que estão sendo governados pela esquerda, como a Venezuela.
Segundo, por causa da volta de um grupo político que saqueou sistematicamente nosso país por mais de 14 anos. Mensalão, dinheiro na cueca, Lava Jato, triplex, sítio de Atibaia, R$ 50 milhões em dinheiro guardados em malas num apartamento [Caso Geddel Vieira Lima, do MDB], são só alguns exemplos do que vivemos com a esquerda no poder.
MidiaNews – O presidente Jair Bolsonaro encerrou o primeiro turno com 43,20% dos votos, contra 48,43% do Lula. Acredita na virada do presidente?
Amália Barros – Sim. O presidente teve que travar uma verdadeira guerra contra os institutos de pesquisa e grandes grupos de mídia. Venceu esta batalha impedindo que um ex-presidiário pudesse ser eleito, como diziam todos as pesquisas.
Agora, com o mesmo espaço e em comparação simples, o presidente Bolsonaro vai poder mostrar o que fez. Mostrar que o governo Bolsonaro saiu de uma pandemia que devastou o mundo com excelentes avanços na economia e infraestrutura.
MidiaNews – O que ele precisa fazer para angariar o voto dos candidatos da terceira via e de indecisos?
Amália Barros – O presidente Bolsonaro, com certeza, vai puxar os votos por duas razões simples: todo o avanço que conseguiu – mesmo com 2 anos travado, com o freio de mão puxado, em função da pandemia.
A outra razão é a comparação das biografias, entre um presidente sem nenhum caso de corrupção e outro que foi preso pelo maior esquema de corrupção da história do Brasil.
A população já mostrou a preferência por Bolsonaro também na eleição do Congresso, com maioria absoluta das cadeiras da Câmara e do Senado de partidos de direita. Não será diferente para a presidência.
MidiaNews – O Brasil vive um momento de polarização cujas consequências já chegaram aos lares, com parentes deixando de se falar por causa da política. Como vê esse momento no Brasil?
Amália Barros – A polarização é consequência da nossa democracia, onde as pessoas escolhem quem querem como representantes. O que é prejudicial é a radicalização. Isso que afasta as famílias.
Conheço corinthianos e palmerenses que convivem bem, respeitando um ao outro.
MidiaNews – Como atuará em um eventual Governo Lula?
Amália Barros – Não vejo a possibilidade de existir um Governo Lula.
MidiaNews – A senhora faz parte de um partido conservador, que é o PL. Qual sua posição sobre a pauta de legalização na maconha no País?
Amália Barros – Sou contra a legalização da maconha. Nos Estados Unidos e no Uruguai – onde a maconha foi legalizada, não diminuiu o tráfico nem a criminalidade.
MidiaNews -Sendo uma integrante da Câmara Federal, a senhora agora tem o poder de criar leis e alterar legislações. Como mencionou que quer exercer um trabalho voltado para inclusão, isso inclui pautas LGBTQIA+?
Amália Barros – Inclusão não só defender minorias. É defender o ser humano, sem rótulo ou distinção, é defender o artigo 5° da nossa Constituição. Mas para garantir que o artigo 5º seja respeitado, é preciso valer antes do artigo 6°, que diz: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”.
Vejo como mais prioritário, por exemplo, incluir mães que estão fora do mercado de trabalho por falta de vagas nas creches. Incluir mais dignidade na vida de jovens que não conseguem entrar no mercado de trabalho por falta de capacitação. Mais emprego, e acesso à educação e saúde de qualidade são necessidades que ainda atingem brasileiros de qualquer gênero.
MidiaNews – Alguns dos integrantes do PL também tem um forte discurso de defesa à flexibilização das armas. Qual sua posição em relação a este assunto? Acredita que o acesso às armas deve ser facilitado?
Amália Barros – Sou a favor da liberdade do cidadão e cidadã de bem poder escolher ou não ter a posse de uma arma, desde que sejam legalmente aptos e passem por todo o rigoroso processo de certificação. O direito de escolha de poder defender sua vida, sua família e seu patrimônio deve ser respeitado e cuidado.
MidiaNews – Junto com a ex-ministra Damares Alves, a senhora fez um vídeo declarando defesa à mulher que sofre violência doméstica. Como será sua abordagem a essas pautas feministas?
Amália Barros – Sou uma das duas deputadas eleitas para a bancada de Mato Grosso. Por isso, é praticamente uma obrigação, está inerente à nossa figura, defender as pautas que protegem e garantem os direitos das mulheres no Congresso.
MidiaNews – Outro assunto que causa divisão de opiniões é sobre a legalização do aborto. Como se posiciona?
Amália Barros – Sou totalmente contra a legalização do aborto.
Fonte: MidiaNews