A Federação Paulista de Futebol produziu um novo e mais rígido protocolo para realização de jogos em mais uma tentativa de convencer o Ministério Público de que é seguro disputar o Campeonato Paulista em São Paulo neste momento.
A intenção foi debatida na manhã desta segunda-feira, em reunião virtual com os clubes da Série A-1.
O novo documento, assinado pelos médicos da comissão médica da FPF e dos 16 clubes do torneio, inclui um corte radical no número de pessoas envolvidas em cada partida, além da apresentação de um novo modelo de “bolha” para manter atletas e comissões técnicas sob monitoramento constante (veja todas as orientações no final desta reportagem). A FPF entregará o protocolo nesta segunda-feira ao Ministério Público.
Uma versão com mais restrições do que a que foi utilizada até março já foi entregue ao MP neste mês, numa primeira rodada de negociações feita quando o governo de João Doria (PSDB) determinou a paralisação do campeonato no início deste mês.
Sede da Federação Paulista de Futebol — Foto: RODRIGO CORSI/FPF
Ele previa a redução de jogos no período de fase emergencial, um sistema de “bolha” para as partidas, ampliação no número de testes e redução de 70% no número de pessoas trabalhando nos estádios.
As medidas não foram aceitas pelo Ministério Público, que manteve a recomendação de suspensão dos eventos esportivos.
O Campeonato Paulista está impedido de realizar partidas em São Paulo por causa de um decreto do governo estadual que endureceu medidas de restrição para tentar conter a pandemia de Covid-19, em seu momento mais crítico no país.
A determinação suspende a realização de eventos esportivos no estado desde o dia 15 de março. Na semana passada, foi ampliada até o dia 11 de abril.
Nesse período, a FPF tentou negociar com o governador João Doria (PSDB) e com o Ministério Público estadual, que apoia a decisão, mas sem sucesso.
Dois jogos foram realizados no Rio de Janeiro, em cidades onde não há restrição, na semana passada: Mirassol x Corinthians e São Bento x Palmeiras. Outras partidas chegaram a ser cogitadas em outros estados, mas as negociações com as cidades foram barradas por decisões locais.
Originalmente, o Campeonato Paulista estava previsto para terminar no dia 23 de maio.
Veja as orientações do novo protocolo produzido pela FPF:
- Para se manter o conceito de segurança no futebol, no atual momento, deverá haver um “endurecimento” do protocolo anterior, com as seguintes providências de conduta que, sob o ponto de vista médico, devem ser tomadas como necessidades mínimas para continuidade do Campeonato Paulista durante a Fase Emergencial:
- Manter os atletas em “Ambiente Controlado” (“Bolha like”), entendido como local onde os riscos são monitorados e minimizados.
- Reforçar e seguir rigorosamente todos os itens do protocolo já definidos na edição anterior;
- Todos que tiverem que entrar na concentração deverão ser testados nas 24 horas antecedentes;
- Os atletas, comissão técnica, assim como todos os que estiverem na concentração, devem ser submetidos regularmente aos testes de RT-PCR antes e depois de cada partida, com intervalo máximo de 3 dias entre os testes;
- Na eventualidade de se ter um teste RT-PCR positivo, além do atleta ser imediatamente afastado; deverá ser orientado o rastreamento de contato, conforme o relato do atleta, para identificar outras possíveis contaminações;
- Os colaboradores que se deslocarem para suas casas (estafe dos clubes) deverão ser testados diariamente com RT-PCR;
- Diariamente, todos os colaboradores deverão ter a aferição da temperatura e serem submetidos ao questionário epidemiológico, que será controlado pelo Departamento Médico do clube;
- Reforçar as orientações do protocolo anterior, para evitar acúmulo de pessoas em determinados ambientes fechados como, Fisioterapia, Academia, Restaurante, Laboratório, vestiários…
- Reduzir o número de colaboradores e concentrar os que puderem permanecer;
- Na cozinha, deverá haver fiscalização rigorosa com monitoramento e reforço constante do treinamento dos colaboradores, de acordo com as normas da Associação de Bares e Restaurantes;
- Em relação à limpeza, a equipe deverá ser treinada e orientada para higienização reforçada, além de manter cheios os reservatórios em locais estratégicos com álcool gel.;
- Toda e qualquer entrega de embalagem externa deverá ser higienizada com o álcool 70o antes de entrar na concentração;
- O médico do clube mandante deverá informar ao Comitê Médico da FPF sobre a existência de vagas hospitalares e disponibilidade de leitos de UTI em hospital da cidade, para eventual caso de emergência médica durante a partida. No caso de jogos em outras cidades, o Departamento de Competições da FPF comunicará o Comitê Médico da FPF. (Globo Esporte)