O fotógrafo carioca Luiz Carlos Junior flagrou uma cena inusitada no Pantanal mato-grossense: uma mamãe onça brigando com outra que estava mexendo com o filhote dela. O registro foi feito na região do Porto Jofre, em Poconé, a 251 km de Cuiabá, há cerca de um mês.
A foto mostra o momento em que a onça mede forças com a outra para proteger a cria. “Acho que a onça tentou fazer alguma armadilha para pegar o filhote e as duas se desentenderam”, disse.
O fotógrafo disse que viu a cena e perguntou ao barqueiro porque uma onça estava interagindo com o filhote da outra. Então, Luiz ouviu do barqueiro que uma onça tenta matar o filhote da outra por pura competição e demonstração de força e poder.
Luiz disse que, apesar de ter sido só uma discussão, e o filhote ter ficado bem, ele sentiu uma certa tristeza, porque viu o comportamento humano de competição refletido na cena. “A mentalidade de má competição é balizada pela escassez e pela falta de criatividade e inteligência. Quanto mais vejo o mundo animal, mais aprendo sobre os homens”, comentou.
Luiz Carlos disse que foi fazer turismo e fotografar os animais no Pantanal e que o mês de setembro foi o escolhido por ser um período de seca. Entretanto, disse que ao chegar no local presenciou uma seca extrema e viu cenas tristes na luta pela sobrevivência.
Ele é fotógrafo, escritor e explorador. Já passou por mais de 25 países desde 2009. O fotógrafo está sempre em busca de culturas e experiências.
Seca no Pantanal
O Pantanal perdeu 29% de superfície de água e campos alagados entre a cheia de 1988 e a última, em 2018, quase 1% por ano. Se continuar neste ritmo, em 70 anos, o bioma estará seco.
Na primeira cheia registrada na série histórica de imagens de satélite analisadas pelo MapBiomas, esse total era de 5,9 milhões de hectares. Na última, em 2018, a área alcançou apenas 4,1 milhões de hectares. Em 2020, esse valor foi de 1,5 milhões de hectares, o menor nos últimos 36 anos.
Segundo o MapBiomas, mais seco, o Pantanal está também mais suscetível ao fogo. Os períodos úmidos favorecem o desenvolvimento de plantas herbáceas, arbustivas, aquáticas e semi-aquáticas, acumulando biomassa. No período seco, a vegetação seca vira combustível para o fogo.