Uma organização criada com atuação no tráfico de drogas e lavagem de dinheiro obtido com a atividade criminosa, com ramificação em Mato Grosso e mais três estados do País, foi desmantelada pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO) durante a execução da Operação Parasita, deflagrada nesta sexta-feira (05.02) no estado.

Foram cumpridas 34 ordens judiciais de prisão preventiva, busca e apreensão, além de sequestro de bens móveis e imóveis na operação coordenada pela Polícia Federal e Polícia Civil de Mato Grosso. Também foi decretado o bloqueio de até R$ 12 milhões em contas bancárias dos investigados. Os mandados foram cumpridos em cidades de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba e Pernambuco.

Em coletiva de imprensa nesta sexta-feira, o superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso, delegado Sérgio Tadao Mori e o secretário de Segurança Pública, Alexandre Bustamante, destacaram a importância da FICCO na união de esforços para debelar a atuação do crime organizado, a exemplo do que foi realizado na Operação Parasita, com a prisão de líderes da organização, sequestro e bloqueio de bens, o que é avaliado como um duro golpe do Estado na atuação de grupos criminosos.

“Sem essa parceria seria mais difícil, mas quando estamos juntos, somos mais fortes. O trabalho integrado demonstra que se o Estado se organizar de forma a combater as organizações criminosas, teremos muitas vitórias. Essa operação tem um resultado muito positivo porque ataca diretamente as lideranças do crime, o sistema financeiro e a lavagem de dinheiro”, argumentou o secretário de Segurança Pública de Mato Grosso.

Os delegados responsáveis pela operação, Frederico Murta, da Polícia Civil, e Jorge Vinícius Gobira, da PF, detalharam o modo de ação da organização, cuja investigação chegou a um presidiário, recluso na Penitenciária Central (PCE), em Cuiabá, que criou e liderou uma espécie de ‘franquia do crime’ e a partir de ligações com outros grupos criminosos dentro e fora do estado organizava a logística para fornecer entorpecentes a organizações criminosas da região Nordeste do País.

Dos 21 mandados de prisões, oito deles tiveram como alvo, criminosos que já estão detidos em unidades do Sistema Penitenciário de Mato Grosso e dos outros três estados.

O grupo criminoso liderado pelo presidiário da PCE atuava também dentro do estado, com a venda de drogas em municípios das regiões sul, norte e médio-norte mato-grossense, como Barra do Bugres, Alto Paraguai, Jaciara, Nova Olímpia, Feliz Natal e Nova Mutum. Nestas cidades, qualquer traficante que pretendesse comercializar entorpecentes deveria ser previamente autorizado pelos líderes, sendo obrigado a adquirir a droga diretamente do grupo.

Todas as ordens judiciais da Operação Parasita foram deferidas pela 7a Vara Criminal da Comarca de Cuiabá, que tem atuação em ações referentes ao crime organizado.

Sem ostentação

A investigação da FICCO apurou ainda que a organização criminosa atuava de forma mais ‘discreta’, sem ostentação de bens ou valores arrecadados com as atividades criminosas. A movimentação do dinheiro arrecadado com as atividades criminosas era feita por meio de empresas de fachada abertas em nome de familiares do líder da organização, entre eles os pais e uma filha do preso líder.

A organização foi criada pelo líder do grupo com base na mesma atuação de outra organização à qual ele pertence, mas com o intuito de obter lucros do crime isoladamente.

As funções eram bem definidas entre os membros, com atividades de arrecadação, cobrança, controle das entradas e saídas e investimentos.

A partir de uma unidade prisional em Pernambuco, um dos integrantes do grupo criminoso fazia toda o controle contábil do que era arrecadado com a venda de entorpecentes, assim como dos investimentos a serem feitos.

Imóveis foram adquiridos no interior de Mato Grosso, assim como lojas abertas, principalmente, de vendas de roupas para lavar o dinheiro da organização. No levantamento das informações sobre a atuação da quadrilha, a força-tarefa constatou que havia empresa que existia apenas no papel.

A investigação apurou ainda que a organização movimentou, entre 2018 e o ano passado, valores em torno de R$ 18 milhões. As transferências realizadas pelos criminosos eram realizadas utilizando a técnica conhecida como ‘smurfing’, que consiste no fracionamento do dinheiro em pequenas quantias para não chamar a atenção e escapar do controle administrativo das instituições financeiras. Nenhum dos investigados possui rendimentos lícitos conhecidos que possam justificar os altos valores movimentados, sendo que alguns deles, inclusive, recebiam benefício assistencial do governo.

FICCO

É uma força-tarefa de cooperação técnica e operacional coordenada em Mato Grosso pela Polícia Federal e Polícia Judiciária Civil, com participação da Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal e Sistema Penitenciário.