O Flamengo iniciou um processo interno para apuração dos fatos que envolvem o e-mail anexado em processo no qual faz parte e que indicava situação de “grande risco” nas instalações elétricas do Ninho do Urubu nove meses antes do incêndio que tirou a vida de dez garotos das categorias de base. O clube faz um trabalho retroativo para identificar o desenrolar dos fatos a partir da data do documento, que indicava “necessidade de atendimento emergencial” em alguns pontos do sistema elétrico do alojamento que pegou fogo.

Em nota oficial na noite de quarta-feira, o Flamengo se colocou à disposição das autoridades para fornecer acesso a todos os documentos necessários. Paralelamente a isso, porém, o clube elabora um dossiê e adota precaução para evitar acusações de negligência ou má fé dos envolvidos, que faziam parte da gestão anterior, do presidente Eduardo Bandeira de Mello.

Há perguntas que profissionais se fazem internamente e que entendem que o trecho do e-mail teria sido divulgado sem a apresentação do contexto amplo e sem indicações das medidas tomadas a partir de sua data: 11 de maio de 2018. A diretoria entende que dificilmente nenhuma medida tenha sido tomada e que as perícias realizadas pelos órgãos pertinentes após o acidente não indicaram co-relação entre os fatos.

Trecho do relatório da "Anexa" entregue ao Flamengo indica problema no quarto 2. Incêndio teve início no quarto 6 — Foto: Reprodução

Trecho do relatório da “Anexa” entregue ao Flamengo indica problema no quarto 2. Incêndio teve início no quarto 6 — Foto: Reprodução

No dossiê, o Flamengo tentará responder o teor dos e-mails subsequentes ao que foi exposto, a qual lugar especificamente se referem como de “grande risco”, se é possível fazer essa identificação, se algum tipo de serviço foi realizado, entre outras perguntas.

O clube avalia ainda um conflito de interesses entre a parte reveladora do e-mail: a “Anexa Energia Serviços de Eletricidade”. A empresa está em litígio e processa o Flamengo por quebra de contrato, enquanto seu proprietário foi alvo de interpelação criminal.

Trecho do relatório que apontava necessidade de reparos no sistema elétrico do Ninho, CT do Flamengo — Foto: Reprodução

Trecho do relatório que apontava necessidade de reparos no sistema elétrico do Ninho, CT do Flamengo — Foto: Reprodução

O clube carioca entende ainda que os novos fatos não interferem em nada nos acordos já firmados com as famílias de vítimas fatais do incêndio. A percepção é de que a investigação sofre impacto no âmbito criminal, uma vez que o procedimento indenizatório se deu pelo Flamengo admitir ser responsável pelos dez meninos no período em que estavam alojados no CT.

Ainda também com muitas perguntas em aberto, o Flamengo busca respostas internamente antes de se pronunciar sobre a troca de e-mails.

Confira a nota oficial do Flamengo

Diante das informações publicadas em reportagem do UOL, nesta quarta-feira (9), com relação a possíveis causas do incêndio no Centro de Treinamento George Helal, no dia 08/02/2019, o Clube de Regatas do Flamengo vem a público reiterar que, não obstante os elementos relatados na matéria (troca de e-mails) tenham ocorrido na gestão anterior, segue à disposição das autoridades para quaisquer averiguações necessárias sobre o incidente.

Lembramos que a atual gestão do Clube providenciou com celeridade e perícia todos os reparos e melhorias devidos no CT, que hoje dispõe de alvará, aprovação dos Bombeiros e todas as liberações necessárias para pleno funcionamento, prezando a segurança de todos os atletas e colaboradores que frequentam o local. (Globo Esporte)