A crise envolvendo Bernardinho e o Flamengo teve um novo capítulo nesta quarta-feira. A empresa que patrocina os esportes olímpicos do clube por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte afirmou, em nota, que o Flamengo pediu o repasse da verba de R$ 4 milhões do time de vôlei do técnico Bernardinho para o basquete Rubro-Negro. O Sesc-Flamengo estreou este ano com o título do Carioca e o vice do Super Vôlei. E tem três vitórias em três jogos na Superliga Feminina.
O clube já conta com o patrocinador há alguns anos, e para esta temporada, o acordo era que parte da verba fosse para o vôlei. A relação começou a ter problemas quando o Flamengo não repassou essa verba para o time comandado por Bernardinho. Isso teria sido acordado entre o clube e o treinador na negociação para a assinatura da parceria. O impasse gerou a renúncia do vice-presidente de esportes olímpicos do clube, Delano Franco. Em carta, Delano disse que estava deixando o cargo porque a diretoria do Flamengo não estaria cumprindo o que foi acordado para a formação da equipe Sesc-Flamengo. O clube nega.
Em nota, a empresa explica que o valor de R$ 4 milhões que antes era destinado ao vôlei será repassado ao time de basquete do clube, a pedido do próprio Flamengo.
“A TIM esclarece que, por solicitação do Flamengo, irá alterar a destinação da verba aprovada junto à Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Rio de Janeiro, redirecionando o valor para a equipe de basquete, conforme pedido formal do clube. Em caso de acolhimento, seguirá com as devidas aprovações dos projetos em referência. (…) A operadora reitera seu compromisso de apoio aos esportes olímpicos e com o estrito cumprimento das regras vigentes e, em breve, irá anunciar novos projetos nessa área.”
O Flamengo ainda não de pronunciou sobre a nota da empresa telefônica. Este texto será atualizado quando o clube soltar sua posição.
Nos bastidores, Bernardinho demonstra insatisfação com a situação, mas o técnico não se manifestou para não desgastar a relação com o clube e segue no comando do elenco. No último dia 22, o Rio de Janeiro Vôlei Clube, projeto do treinador campeão olímpico, divulgou uma nota em que deixa no ar o incômodo com a situação com o Flamengo.
“O Contrato de Patrocínio assinado com Flamengo, pelo prazo de uma temporada, tem como contraparte o Rio de Janeiro Vôlei Clube e não empresa ligada ao técnico Bernardinho, como equivocadamente mencionado na nota do Flamengo. Nossa política é no sentido de não nos manifestarmos sobre fatos que estão fora da alçada da nossa entidade. Não obstante, gostaríamos de registrar a correção e retidão do Sr. Delano Franco em todas as tratativas e negociações visando a celebração do Contrato de Patrocínio e o cumprimento das obrigações dele decorrentes. Tudo que com ele era combinado, foi cumprido. Continuaremos, como sempre, em respeito aos admiradores do voleibol, aos nossos parceiros e colaboradores, a cumprir nossas obrigações sejam elas objeto de instrumentos contratuais ou de acordos verbais.”
Entenda o caso
Apesar do sucesso em quadra, com o título carioca e o vice do Super Vôlei e da Supercopa, a parceria começou a ter ruído nos bastidores. A relação começou a ter problemas quando o Rubro-Negro acertou um patrocínio com uma operadora telefônica e não repassou parte da verba para o time. Isso teria sido acordado entre o clube e o treinador na negociação para a assinatura da parceria. O impasse gerou a renúncia do vice-presidente de esportes olímpicos do clube, Delano Franco. O patrocínio foi feito via Lei Estadual de Incentivo ao Esporte.
Delano Franco deixou o clube porque o acordo entre o Flamengo e o Rio de Janeiro Vôlei Clube não estaria sendo cumprido. Foi acertado que o Rubro-Negro repassaria parte da receita dos patrocínios adquiridos após a parceria para o time de Bernardinho. O que não aconteceu com o patrocínio de uma operadora telefônica. A postura da diretoria rubro-negra não agradou Delano, que foi um dos dirigentes que conduziram a formação da parceria. Com isso, ele resolveu deixar o cargo.
Em um trecho da carta de despedida, Delano Franco escreveu: “A presidência do clube não recordou/reconheceu aspectos de uma negociação efetuada pelo diretor-executivo da área, por mim e pelo presidente junto a um parceiro importante dos esportes olímpicos, amparada pelo orçamento aprovado, ferindo significativamente os termos do acordo.”
O patrocínio com a companha de telefonia foi utilizado pelo Flamengo – antes da parceria com a equipe de Bernardinho – para montar o time para a Superliga do ano passado. O acordo veio novamente por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte e a empresa atualmente estampa sua marca no uniforme do clube.
Em nota, a diretoria do Flamengo disse: “Na realidade, o que existe é um contrato firmado entre o Flamengo e a empresa do Bernardinho, após longa negociação, desde o final de 2019, que estabelece que o Flamengo é um patrocinador do time. O Flamengo paga religiosamente o valor acordado à empresa do Bernardinho, fornece material esportivo e espaço para treinamento na Gávea e cede sua imagem para a empresa, o que aumenta bastante o poder de atração para outros patrocínios serem fechados pela empresa do técnico. O dinheiro destes outros patrocínios não iria para o Flamengo, mas apenas para a empresa do Bernardinho. Os demais contratos da empresa são firmados diretamente pela própria empresa, e não pelo Flamengo. Portanto, não cabe ao Flamengo colocar nenhum novo investimento nesta parceria. Em suma, o Flamengo está cumprindo rigorosamente o contrato feito com o técnico e não irá se manifestar sobre o posicionamento pessoal de Delano Franco.”
Em 23 de outubro, o Diário Oficial do Estado publicou a liberação de R$ 4 milhões, via lei de incentivo, para o seguinte destino: Fla-Vôlei 20/21.
Liberação da verba para patrocínio entre empresa telefônica e o Flamengo publicada no diário oficial — Foto: Reprodução
(Globo Esporte)