Se todos os clubes iniciam o campeonato com a primeira missão de permanecer na Série A, alguns estão com muita dificuldade para colocar esse plano em prática. Dos seis últimos colocados na classificação na penúltima rodada do primeiro turno, cinco jogam em casa nesta rodada, momento para melhorar de posição.

Em ordem de classificação, Santos, Goiás, Bahia, Coritiba e Vasco são mandantes nesta rodadas. Entre os que estão encontrando mais dificuldades para permanecer na Série A, só o América-MG é visitante. As projeções apontam favoritismo do Flamengo contra o Cuiabá, na Arena Pantanal, neste domingo.

Veja abaixo os potenciais e as chances de cada um e de seus adversários.

 — Foto: Infoesporte

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Analisamos 97.701 finalizações cadastradas pela equipe do Espião Estatístico em 3.967 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013 que servem de parâmetro para medir a produtividade atual das equipes a partir da expectativa de gol (xG), métrica consolidada internacionalmente (veja a metodologia no final do texto).

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Santos

 

  • Desde 2006, o Santos recebeu pela Série A o Athletico-PR por 16 vezes, venceu 15 e empatou uma. É o ex-clube do técnico do Santos, Paulo Turra. Desta vez, o nível de ameaça do Athletico-PR vem em uma crescente quase regular (linha preta do gráfico de xG), enquanto a defesa do Santos ficou cada vez mais exposta a ameaças (linha vermelha), mais que a do próximo adversário.
  • O Santos tem a maior eficiência caseira, um gol a cada 7,1 chances, mas o mandante que menos finaliza (11,8). O Athletico-PR é o sétimo visitante em finalizações sofridas (14,3), com a 12ª resistência, um gol sofrido a cada 10,4 conclusões contrárias. No ataque, o Athletico-PR é o 11º em finalizações (11,4), com média de um gol por jogo. O Santos é o quarto mandante que mais sofre finalizações (13,0), com a 14ª resistência, um gol sofrido a cada 9,0 conclusões contrárias.
  • O jogo tem potencial para gol do Athletico-PR a partir de jogada aérea porque foi como marcou seis dos últimos oito gols, e o Santos levou quatro dos últimos sete gols assim. O Santos tem chegado ao gol em trocas de passes, com sete dos últimos dez gols (quatro dos últimos cinco) em jogadas rasteiras. O Athletico-PR sofreu seis dos últimos dez (cinco dos últimos oito) após bolas altas.

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Goiás

 

  • Em quatro confrontos com este mando desde 2006, o Fortaleza venceu três e houve um empate. Agora, a cada rodada, o Goiás fica menos exposto a ameaças (linha vermelha do gráfico de xG), ainda assim, não vence em casa há seis jogos (4 E, 2 D). Nos últimos seis jogos fora, o Fortaleza venceu três e perdeu três. No Brasileirão, o Fortaleza venceu apenas dois dos oito jogos fora.
  • As duas equipes sofreram sete dos últimos dez gols a partir de jogada aéreas (o Goiás quatro dos últimos seis e o Fortaleza cinco dos últimos seis), mas o Goiás só marcou três dos últimos oito usando bolas altas, e o Fortaleza fez dois dos últimos oito assim.

 

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Favorito >> Internacional

 

  • O Corinthians impõe baixo nível de ameaça aos adversários (linha preta do gráfico de xG), é o segundo visitante que menos finaliza (9,0) e tem a segunda pior eficiência, um gol a cada 20,3 tentativas. O diferencial a favor do Internacional é ter a quarta maior resistência defensiva mandante, um gol sofrido a cada 16,8 conclusões contrárias, com 12,6 finalizações contrárias por jogo (sexta pior média).
  • O Internacional é o terceiro mandante que menos finaliza (12,9), com a sexta pior eficiência, um gol a cada 12,9 tentativas. O Corinthians é o quarto visitante que mais sofre finalizações (17,0), com a sétima resistência forasteira, um gol sofrido a cada 12,8 conclusões contrárias.
  • Será um confronto interessantíssimo: o Internacional usou bolas altas para marcar seis dos últimos dez gols, mas o Corinthians só levou três assim dos últimos dez. Os últimos seis gols o Corinthians sofreu em trocas de passes, mesmo modo como marcou quatro dos últimos seis gols. O Internacional sofreu quatro dos últimos sete gols a partir de jogada aéreas.

 

Favorito >> Fluminense

  • Como mostra a linha vermelha do gráfico de xG, o Fluminense vem crescendo na resistência a ameaças, enquanto a defesa do Palmeiras tem ficado mais exposta. Embora o ataque do Fluminense apresente um nível de ameaça menor, a equipe está menos exposta.
  • O jogo tem forte potencial para gol a partir de jogada aérea: o Fluminense fez e sofreu seis dos últimos dez gols usando bolas altas. O Palmeiras marcou sete dos últimos dez gols a partir de jogadas aéreas. Sofreu oito dos últimos dez gols (e todos os últimos seis) assim.

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Grêmio

 

  • Desde 2006, nos pontos corridos, o Vasco venceu seis e só perdeu duas quando mandante contra o Grêmio em 12 jogos (quatro empates). Neste ano, no entanto, é um confronto de extremos: o Grêmio é vice-líder por aproveitamento (disputou um jogo a menos que os demais, 9 V, 3 E, 4 D, 63%). Também com um jogo disputado a menos, o Vasco tem o pior aproveitamento geral 2 V, 3 E, 11 D, 19%.
  • O Grêmio apresenta uma característica inesperada: embora seja o quinto time que tenha menor posse de bola (45,8%), é também o que tem menos ações defensivas na soma de desarmes e faltas cometidas, com média de 26,4 ações por partida. O Grêmio é o segundo forasteiro que mais permite finalizações (17,7) e tem a 13ª resistência, um gol sofrido a cada 10,3 conclusões contrárias.
  • Vasco e Grêmio vêm sofrendo, principalmente, gols em jogadas rasteiras: todos os últimos seis gols que o Vasco levou, e seis dos últimos sete no Grêmio, nasceram em trocas de passes rasteiros. Apesar de o Vasco ter feito seis dos últimos dez gols em jogadas aéreas, a fonte secou e dos últimos seis que marcou, quatro foram em trocas de passes. O Grêmio marcou metade dos últimos dez de cada forma, sendo três dos últimos cinco em jogadas rasteiras. É maior o potencial para gol em troca de passes.

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> São Paulo

 

  • O Atlético-MG tem muitas dificuldades quando viaja para enfrentar o São Paulo pela Série A. Desde 2010, a equipe mineira só conseguiu vencer dois (2016 e 2017) de 13 jogos, com oito vitórias do São Paulo e três empates.
  • O São Paulo é o segundo melhor mandante do Brasileirão (7 V, 1 E, 1 D, 81%). Tem o segundo melhor ataque caseiro, com 18 gols marcados, média 2,0. O Atlético-MG é o sétimo visitante (3 V, 3 E, 3 D, 44%), com a melhor defesa forasteira, sete gols sofridos, média 0,78.
  • A partida tem potencial para gol do São Paulo a partir de jogada aérea. Marcou seis dos últimos dez gols dessa forma, e o Atlético-MG sofreu assim sete dos últimos dez gols (e seis dos últimos oito). O Atlético-MG fez a partir de bolas altas quatro dos últimos seis gols, mas o São Paulo só levou assim três dos últimos dez gols (e dois dos últimos cinco).

 

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Favorito >> Botafogo

 

  • O Cruzeiro tem a pior eficiência mandante, com um gol a cada 45,3 tentativas e média de 15,1 conclusões por partida, décima média caseira. O Botafogo tem a terceira maior resistência forasteira, com um gol sofrido a cada 15 conclusões contrárias e média de um gol sofrido por partida.
  • Há forte potencial para gol do Botafogo a partir de jogada aérea porque marcou assim seis dos últimos dez gols (e cinco dos últimos sete), e o Cruzeiro levou dessa forma seis dos últimos dez (e cinco dos últimos seis). O Cruzeiro também marcou seis dos últimos dez gols usando bolas altas, mas o Botafogo só levou pelo alto um dos últimos oito gols.

— Foto: Espião Estatístico

Favorito >> Bragantino

 

  • O Coritiba venceu os dois últimos jogos em casa (América-MG e Fluminense) e vem se recuperando após três vitórias, um empate e uma derrota nos últimos cinco jogos. No entanto, o Bragantino é o oitavo melhor visitante (2 V, 4 E, 2 D, 42%). O Coritiba é o quinto mandante que mais sofre finalizações (12,8), com a 11ª resistência, um gol sofrido a cada 11,3 conclusões contrárias. O Bragantino está com o segundo ataque visitante que mais finaliza (13,5), e a quinta eficiência forasteira, um gol a cada 9,8 tentativas. No agregado dos mandos, o Bragantino é o time com mais finalizações certas por jogo (108 ou 6,4 por partida).
  • O Coritiba marcou metade de seus gols pelo alto e metade em jogadas rasteiras, três dos últimos quatro gols em trocas de passes rasteiros, marca da reviravolta após virar SAF. Foi assim que o Bragantino levou cinco dos últimos sete gols. O Bragantino marcou sete dos últimos dez gols a partir de jogadas aéreas (cinco dos últimos seis). O Coritiba levou pelo alto metade dos últimos dez gols e três dos últimos sete.

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Bahia

  • A expectativa é de que haja gols porque o Bahia tem a quinta menor resistência defensiva caseira (um gol sofrido a cada 7,7 conclusões contrárias, e o América-MG, a segunda pior entre os forasteiros, um gol sofrido a cada 6,8 conclusões contrárias.
  • O Bahia não vence há oito jogos (5 E, 3 D). Em seus últimos oito jogos, o América-MG acumula 2 V, 2 E, 4 D, 33%).
  • Jogo com potencial para gol do Bahia a partir de jogada aérea, já que a equipe marcou assim seis dos últimos dez gols, e o América-MG sofreu dessa mesma forma sete dos últimos dez gols (e seis dos últimos oito). O América-MG levantou a bola para marcar seis dos últimos dez gols (e quatro dos últimos cinco), e o Bahia levou metade dos últimos dez gols pelo alto e metade em jogadas rasteiras (cinco dos últimos oito gols sofridos pelo Bahia nasceram em trocas de passes rasteiros).

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Flamengo

 

  • Defensivamente, o Cuiabá tem sofrido baixo nível de ameaça (linha vermelha do gráfico de xG), e o ataque está ameaçando mais (linha preta). Embora o Cuiabá seja o mandante que menos sofra finalizações (7,5), o que ajuda a baixar o xG negativo, é a segunda defesa menos resistente a pressões, com um gol sofrido a cada 6,0 conclusões contrárias.
  • Embora o Flamengo seja o quinto visitante que menos conclui (10,3), é o mais eficaz, um gol a cada 6,2. O visitante mais eficaz enfrentará o segundo mandante menos resistente a pressões, e isso torna o Flamengo favorito. A consciência desses potenciais pode levar uma equipe a relaxar ou a ficar ainda mais alerta.
  • O Flamengo marcou, e o Cuiabá sofreu, seis dos últimos dez gols a partir de jogadas aéreas, mas o Cuiabá tem melhorado o controle de seu espaço aéreo, nascendo assim apenas dois dos últimos sete gols sofridos. Eficiência recente testada. O Cuiabá marcou metade dos últimos dez gols pelo alto e metade tem passes rasteiros, mas quatro dos últimos seis foram rasteiros. O Flamengo sofreu sete dos últimos dez gols (quatro dos últimos seis) após bolas altas.

 

Metodologia

 

Favoritismos apresenta o potencial que cada time carrega no Brasileirão 2023 comparando o desempenho nos últimos 60 dias como mandante ou visitante em todas as competições e nos últimos seis jogos oficiais, independentemente do mando. Também são consideradas as performances defensiva e ofensiva das equipes no jogo aéreo e no rasteiro. Os cálculos referentes à influência de bolas altas e de troca de passes rasteiros entre gols marcados e sofridos só consideram as características dos gols marcados em jogadas. Gols olímpicos, cobranças de pênaltis e de faltas diretas não contam para determinar a influência aérea ou rasteira por serem cobranças feitas diretamente para o gol.

Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de “Gols Esperados” ou “Expectativa de Gols” (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência 97.701 finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 3.967 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013. Consideramos a distância e o ângulo da finalização, além de características relacionadas à origem da jogada (por exemplo, se veio de um cruzamento, falta direta ou de uma roubada de bola), a parte do corpo utilizada, se a finalização foi feita de primeira, a diferença de valor mercado das equipes em cada temporada, o tempo de jogo e a diferença no placar no momento de cada finalização.

O desempenho de um jogador é comparado com a média para a posição dele, seja atacante, meia, volante, lateral ou zagueiro, e consideramos o que se esperava da finalização se feita com o “pé bom” (o direito para os destros, o esquerdo para os canhotos) e para o “pé ruim” (o oposto). Foram identificados os ambidestros, que chutam aproximadamente o mesmo número de vezes com cada pé.

De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo.

O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo). Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.

*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Gabriel Leonan, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, João Guerra, Leandro Silva, Roberto Maleson, Roberto Teixeira, Valmir Storti e Victor Gama. (GE)