Oito anos depois, o mundo do basquete voltou a ser rubro-negro. O Flamengo dominou completamente o Burgos, da Espanha, neste domingo, na final da Copa Intercontinental, torneio equivalente ao Mundial de Clubes da modalidade. No fim, o placar de 75 a 62 sobre a equipe espanhola, no ginásio Hassan Moustafa, no Cairo, garantiu o bicampeonado do mundo ao time rubro-negro, campeão em 2014, no Rio. Na ocasião, o Flamengo tinha Olivinha, campeão novamente e cestinha neste domingo com 17 pontos, e Benite, agora no time espanhol. O mexicano Martínez, do Flamengo, foi o MVP.
– Foi um jogo, até certo ponto, tranquilo. Conseguimos fazer tudo o que o Gustavo (de Conti, técnico) pediu no início do jogo. Trabalho foi excelente – disse o bicampeão Olivinha. – A nação, hoje, ficou tranquila, o mundo é rubro-negro novamente.
O Lakeland Magic – franquia do Orlando Magic na liga de desenvolvimento dos Estados Unidos – ficou em terceiro lugar ao derrotar o Zamalek, do Egito, por 113 a 78.
Como os times chegaram à fase final
Para chegar à fase final da Copa Intercontinental, o Flamengo venceu a Liga dos Campeões das Américas de 2020/2021, a principal competição de clubes nas Américas. Na decisão, em 13 de abril do ano passado, os rubro-negros derrotaram o Real Estelí, na Nicarágua, por 84 a 80, em Manágua, a capital nicaraguense.
O Burgos foi o vencedor da Liga dos Campeões da Europa, torneio de clubes organizado pela Federação Internacional de Basquete (Fiba) no continente europeu desde 2016. Essa competição não é disputada pelos principais clubes da Europa, por divergências com a Fiba – eles jogam a Euroliga, chancelada pela federação europeia.
O jogo
Diante do Burgos, que conta com oito estrangeiros (entre eles o brasileiro Benite), o Flamengo seguiu com a defesa forte que tinha apresentado na semifinal. Com três cestas de Olivinha – o único do atual grupo rubro-negro que foi campeão em 2014 – depois de o Flamengo recuperar a bola em ataques falhos do Burgos, o time brasileiro abriu 13 a 4. Facilmente, o time carioca abriu vantagem, apostando nas bolas de três (cinco em sete tentadas no primeiro quarto) e chegando a 25 a 9. O Burgos converteu apenas uma em sete. No fim do período, o time espanhol reduziu um pouco: 25 a 12. O Flamengo só ficou atrás em dois momentos no início do jogo: 2 a 0 e 4 a 3.
Flamengo, bicampeão da Copa Intercontinental — Foto: Fiba
Na metade do segundo quarto, o Flamengo desperdiçou dois ataques, Gamble enterrou, e o Burgos diminuiu a desvantagem para nove (30 a 21). Mas o Flamengo tem Olivinha. Com o tempo de posse de bola estourando, ele acertou a cesta de três para deixar o rubro-negro mais à frente: 33 a 21. Olivinha, até então, tinha 13 dos 33 pontos da equipe brasileira. Alternando os jogadores em quadra, o Flamengo seguiu dominante: 45 a 29 no fim do quarto.
– Temos que abrir mais espaço no ataque, os passes ainda precisam melhorar – avaliou o técnico Gustavo de Conti, do Flamengo e da seleção brasileira, no intervalo.
Olivinha na final do Intercontinental diante do Burgos — Foto: Fiba
No terceiro quarto, o Burgos – que está em último na liga espanhola – viu Yago marcar pela primeira vez na partida, numa bola de três, para o Flamengo somar 48 a 31. A bola de três seguiu caindo para o rubro-negro. O mexicano Martinez converteu sua quarta em cinco arremessadas. O Flamengo abria 51 a 33 (com o total de 10 acertos em 17 de três). Na sequência, Martinez, de novo: 54 a 35, a maior diferença, 19 pontos. O Burgos reagiu, baixou a desvantagem para 11 (57 a 46), com uma cesta de Renfroe, os primeiros pontos dele no jogo. Ainda restava pouco mais de um minuto e meio para o fim do período. Mas o argentino Balbi converteu duas, e o Flamengo foi para o último período liderando por 65 a 49. Foi único período não vencido pelo Flamengo até então – no terceiro, houve empate de 20 a 20.
Martinez, MVP da Copa Intercontinental — Foto: Fiba
No período final, o Flamengo manteve a vantagem em torno dos 16 pontos até quase a metade, mesmo com Benite mais solto no ataque e chegando a 14 pontos no jogo, cestinha do Burgos. Pelo Flamengo, Martínez, a essa altura no banco, tinha 15. Olivinha voltou à quadra, deixou o rubro-negro com 71 a 56 e chegou a 15 pontos também. Não tinha mais tempo – nem o Flamengo deixava – para o Burgos reagir. Final: 75 a 62 e bicampeonato do mundo para o time brasileiro. E Olivinha cestinha com 17 pontos.
Campeão em 2014, vice em 2019
Esta foi a terceira vez que o Flamengo chegou à final da Copa Intercontinental. Em 28 de setembro de 2014, venceu o Maccabi Tel Aviv, de Israel, por 90 a 77, na Arena Olímpica da Barra, no Rio, garantindo o título. Naquela edição, os times disputavam dois jogos pelas finais. No primeiro, também no Rio, em 26 de setembro de 2014, o time israelense ganhou por 69 a 66. Como o rubro-negro venceu a segunda partida com diferença maior de pontos, acabou campeão. O argentino Nico Laprovittola, no Flamengo na época, foi o MVP.
Laprovittola em ação com o Flamengo na final de 2014: título e MVP — Foto: Agência Estado
Em 2019, a fase final também foi disputada no Rio, mas na Arena Carioca 1, construída para as Olimpíadas. O Flamengo superou o Austin Spurs – time da liga de desenvolvimento dos Estados Unidos vinculado ao San Antonio Spurs – na semifinal, por 90 a 58, em 15 de fevereiro de 2019. Na decisão, em 17 de fevereiro de 2019, a equipe brasileira foi derrotada pelo AEK, da Grécia, que faturou o primeiro troféu do Intercontinental: 86 a 70. (GE)