Este tema não é confortável então o mais fácil parece ser ignorá-lo. Mas pergunto: até quando? Até alguém muito próximo ser vítima? Nós, os homens, “também” não podemos fugir deste debate, muito menos ignorar os números. O que estamos assistindo é dor, sangue e morte.  Temos o dever de, lado a lado com as mulheres, nos comprometermos em busca de uma solução. Esta é uma batalha humana e não da guerra de gêneros.

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As explicações ideológicas, políticas e segmentadas de ativistas dadas até agora são insuficientes para dar subsidio para a solução. Criação de normas, de leis, de penas tem se mostrado absolutamente ineficientes, uma vez que os índices de violência contra a mulher em vários países de todos os continentes tem aumentado ao invés de diminuir. Mas há países em que este tipo de violência está sob controle. O que eles tem de diferentes de nós, os “violentos e tóxicos”? Nós precisamos estudar e comparar fatores, estudar vítima e agressor, ver procedimentos!

Há uma guerra declarada entre homens e mulheres fruto do fracionamento social versus o enfrentamento da divisão social do trabalho. Mas esta não pode ser a explicação para o aumento nos casos de óbito.

Qualquer violência deve ser condenada, imagina aquela que tira a vida de um ser! Combater o machismo sim, mas atribuir exclusivamente ao comportamento machista todos os casos é ser reducionista e não irá trazer nenhuma solução.

Os veículos de imprensa do estado de Mato Grosso trouxeram nesta semana fatos e números sobre feminicidio. Muito pelo fato do dia 8 de março, data que comemora o dia internacional da mulher, algo em torno de 279% de crescimento nos registros de feminicidio. No Brasil falamos em algo em torno de uma mulher assassinada a cada sete horas. No México este numero é ainda mais alarmante: crescimento de três mil por cento em menos de uma década.

Me falta muitos subsídios e conhecimento para apontar caminhos com segurança. Primeiro por ausência de estudos sérios na área (precisa pesquisa). Segundo porque o debate está excessivamente contaminado pelo viés politico ideológico.  O que tenho são perguntas.

Há alguma relação entre feminicidio, suicídio e depressão? Porque pergunto isso? São questões que tiveram aumento significativo juntos. Ou seja, já que o crescimento é no mesmo período, isso tem levado ao aumento de conflitos e o conflito tem levado à violência?

No México estudos indicaram que em mais de 80% dos casos os agressores no ato da barbárie estavam sob o efeito de algum tipo de substância, tais como drogas, álcool, ou remédios, cujo efeito causa alteração de comportamento. Precisamos saber se isso é comum aqui no Brasil também. Qual a relação entre álcool, droga e feminicidio, depressão e suicídio?

Precisamos ir além do ativismo, além das passeatas, além das estatísticas assustadoras e das repercussões para vender matéria. Precisamos investir em estudos sérios. O estado tem que exigir algo além da partidarização e do ufanismo.  O feminicidio deve ser a nossa maior preocupação, estamos vivendo uma pandemia, se fosse gripe descobriríamos uma vacina. Porque não tratamos com o mesmo zelo esta questão? É hora de encontrar o antídoto ou qualquer dia desses podemos chorar sobre o caixão de nossas mães, filhas, netas ou dos nossos amores.

*JOÃO EDISOM  DE SOUZA é Articulista, Professor de Ciências Política, Consultor Político, Gestor de Comunicação, Imagem e Crise, Comentarista político da rádio Jovem Pan – Jornal da Manhã.

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