O Comitê de Competição da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) puniu o Valencia com o fechamento de um setor do estádio Mestalla. A entidade disciplinar vai fechar a arquibancada “Mario Kempes”, onde estavam os torcedores racistas apontados por Vinicius Junior, por cinco jogos. O órgão ainda tornou sem efeito o cartão vermelho contra o brasileiro.
Com a anulação de sua expulsão, Vinicius Junior estará disponível pelo Real Madrid para jogar contra o Rayo Vallecano nesta quarta-feira.
O Comitê também multou o Valencia em 45 mil euros (R$ 241 mil). Cabe recurso da decisão, que deve ser apresentado nos próximos 10 dias. Em comunicado horas depois, o clube evidenciou seu “total desacordo e indignação pela injusta e exagerada sanção”.
— O Valencia CF quer denunciar publicamente que a resolução apresenta provas que contradizem o que diz a Polícia Nacional e LaLiga. Além disso, essa sanção se baseia em provas que o clube não pôde ver e sem nos dar os trâmites da audiência.
A decisão pela sanção é a primeira após nove denúncias prévias de racismo contra Vinicius Junior nos últimos anos na Espanha. O relato da súmula, com o adendo dos insultos registrados no jogo, e a grande repercussão do caso levaram à punição.
Na decisão, o Comitê relata os fatos ocorridos no momento em que decidiu identificar os racistas na arquibancada. O documento descreve os xingamentos recebidos pelo atacante brasileiro.
— Vinicius apontou um dos torcedores na arquibancada Mario Kempes e disse: “me chamou de macaco”, fazendo gestos com as mãos. Enquanto isso acontece, outros cânticos são proferidos, entre eles “Madridistas filhos da puta”. Um torcedor grita “Puta negro, é um idiota”, “Me cago em seus mortos, filho da puta”, “Vinicius idiota”, “Puta negro filho da puta”, “Vinicius cachorro, filho da puta”, “macaco, você é um puta macaco”.
O Comitê justificou a decisão de fechar um setor do Mestalla.
“O Comitê de Competição considerou que: os cânticos que incitem a violência e manifestem desprezo contra pessoas por sua origem racial constituem infrações muito graves, desde o ponto de vista jurídico, intoleráveis e condenáveis”.
O documento divulgado pelo Comitê de Competição descreve outros momentos em que Vinicius foi insultado. Vídeos das redes sociais e exibidos pela imprensa espanhola mostram que o brasileiro recebeu ataques racistas antes da partida e em outros setores do estádio. No entanto, o órgão decidiu fechar apenas um setor do Mestalla.
Anulação da expulsão
Ao justificar a anulação do cartão vermelho de Vinicius Junior, o órgão criticou a postura do árbitro de vídeo Iglesias Villanueva, que foi retirado do Campeonato Espanhol.
“A decisão do VAR foi determinada pela omissão da totalidade do lance, o que viciou a raiz da decisão da arbitragem, e de uma parte importante”, diz o Comitê.
Hugo Duro segura Vinicius Junior pelo pescoço durante confusão em Valencia x Real Madrid — Foto: Reprodução / Internet
A decisão deixa Vinicius Junior livre para atuar nas últimas três partidas do Real Madrid na temporada: contra Rayo Vallecano, nesta quarta, no Santiago Bernabéu, diante do Sevilla, no próximo sábado, fora de casa, e frente ao Athletic Bilbao, na última rodada, em Madri.
A 36ª rodada do Campeonato Espanhol teve início nesta terça com uma série de ações em campanhas contra o racismo. Em todas as partidas, jogadores das duas equipes se juntam e exibem uma faixa da nova campanha: “Racistas, fora do futebol”. A ação foi feita por LaLiga, em conjunto com o Conselho Superior de Esportes (CSD) e a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF). (GE)