Amigos e familiares da adolescente Isabele Ramos, de 14 anos, morta com um tiro na cabeça pela amiga, também com 14 anos na época, em um condomínio de luxo em Cuiabá, fizeram uma carreata na noite dessa quarta-feira (21) em memória à adolescente e pedindo para que a justiça seja mantida.

Isabele foi morta pela melhor amiga dela na noite do dia 12 de julho. Ela foi baleada com um tiro no rosto pela adolescente de 15 anos, que praticava tiro esportivo junto com os irmãos e os pais.

A manifestação, segundo a mãe de Isabele, Patrícia Ramos, é para não deixar que o caso seja esquecido e para pedir que a justiça continue sendo feita, já que na próxima semana será julgado um novo pedido de habeas corpus para a adolescente que matou Isabele.

A família da vítima pede que a menor condenada pelo homicídio permaneça cumprindo a medida socioeducativa, e que a liberdade não seja concedida na próxima semana.

Até essa quarta-feira (21), dois desembargadores já votaram, sendo um pela manutenção da detenção e outro pela soltura. O voto da semana que vem será decisivo.

O que aconteceu desde então

 

No dia 12 de agosto, o laudo da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) apontou que a pessoa que matou Isabele estava com a arma apontada para o rosto da vítima, a uma distância que pode variar entre 20 e 30 cm, e a 1,44 m de altura.

A reconstituição do crime foi feita no dia 19 de agosto.

A polícia indiciou a autora do tiro, que tem 15 anos, por ato infracional análogo a homicídio doloso no dia 2 de setembro. A investigação concluiu que a versão apresentada por ela, no decorrer do inquérito, era incompatível com o que aconteceu no dia da morte e que a conduta da suspeita foi dolosa, porque, no mínimo, assumiu o risco de matar a vítima.

O Ministério Público Estadual (MPE) acusou a amiga de matar Isabele — ato infracional análogo ao crime de homicídio doloso, quando há intenção ou assume o risco de matar — e no dia 10 de setembro pediu a internação provisória dela.

Seis dias depois, a Justiça aceitou o pedido do MPE, ordenou a internação da menina e deu início ao processo que tramita em sigilo. No entanto, a internação durou menos de 12 horas, porque a Justiça concedeu um habeas corpus a pedido da defesa dela. O Tribunal de Justiça de Mato Grosso manteve a adolescente em liberdade até a conclusão do processo, com medidas cautelares, como não sair depois de meia-noite de casa e não ingerir bebida alcoólica.

O processo foi concluído em janeiro: a adolescente foi condenada à internação por tempo indeterminado em unidade socioeducativa. Ela foi punida por ato infracional análogo ao crime de homicídio doloso, quando há intenção de matar, e qualificado. A internação ocorreu no dia 20 de janeiro. Na decisão, a juíza Cristiane Padim da Silva disse que a garota agiu com “frieza, hostilidade, desamor e desumanidade”.