O vernáculo que ficou conhecido em inglês possui o significado muito simples em português, não sendo falso cognato: exposição. A prática já vem acontecendo há um bom tempo no mundo, e se tornou importante instrumento de defesa para o gênero feminino.
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A sempre mencionada “Primavera de Mulheres”, movimento do gênero feminino que começou no ano de 2015, contou com diversas exposições de mulheres a relatar os abusos por elas sofridos. O Brasil se reconheceu na quarta onda feminista justamente pelo grande número de relatos, quando elas se “abriram” mostrando os sofrimentos sentidos por anos a fio.
É, os direitos humanos não podem retroceder! Uma vez alcançados e consolidados, dificilmente serão perdidos. O giro tem sido esse. Ainda que se teimem em tentar retirar delas e deles os direitos alcançados, será praticamente impossível. Sim, muitos absurdos são sentidos e vistos, infelizmente. Todavia, o mundo não vem suportando situações maldosas, antes vistas como normais.
Ter amor nos filhos e filhas é ensinar a realidade. É mostrar a vida como ela é, e as pessoas como são, com as suas liberdades, orientações, formas de ser e estar. Ridicularizar, trazer preconceitos, discriminações para aqueles e aquelas em formação, é os fazer sofrer logo na frente.
Com a pandemia, o uso de eletrônicos se acentuou. Para os brasileiros e brasileiras então, com a criatividade aflorada, nem se fala. E a palavra “exposed” vem fazendo as vezes, e, de fato, expondo abusos e assédios, principalmente contra o gênero feminino, muito mais afetado em situações tais.
Pessoas conhecidas, celebridades, autoridades, desconhecidas, ninguém está livre. Ofendeu, assediou, abusou, discriminou, violou, será exposto ou exposta. O Twitter tem sido um grande instrumento de exibição.
Quando se fala em abusos e assédios contra o gênero feminino, basta um levante, e as demais relatam as outras situações. Os abusadores e assediadores, em regra, não cometem o delitos apenas uma vez e contra uma vítima. Eles costumam agir em série. Como praticam os primeiros crimes e as vítimas se calam, por motivos variados, acham fácil a ação, ganham confiança, e continuam agindo.
A rede mundial de computadores deram voz às vítimas, apesar de os críticos dizerem que os acusados são julgados pelo “Tribunal da Internet”. Contudo, as provas, na maioria da vezes, também se encontram abertas para quem quiser ver. Os agressores ficam em dificuldade de se defender e continuarem com a tese de que não aconteceram os fatos. Crimes e provas expostas.
É claro que a prática do “exposed” tem sido deveras importante no enfrentamento aos abusos, assédios, preconceitos e discriminações de todas as ordens. O outro lado da moeda também é realidade: as “Fakes News”. Assim, todas as vezes em que se for divulgar ou repassar algo, a pesquisa da fonte é primordial.
Expor, quando o fato aconteceu, se torna importante para reunir relatos de outras vítimas, embasando com provas contundentes o ocorrido. A capitulação delitiva depende do fato.
Cancelar e ser cancelado ganhou proporções. Não haverá “assassinato de reputações” se o mau comportamento ou delito não aconteceu. As falas e ações devem ser medidas. O respeito tem que ser cultivado. Consciência é a palavra!
*ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS é defensora pública no Estado de Mato Grosso e militante na Defesa dos Diretos da Mulher.