Análise de sequenciamento genético apoia a prática clínica há muitos anos e vem se tornando mais acessível na última década, impulsionando a medicina de precisão para pacientes oncológicos
Cerca de 704 mil casos novos de câncer devem ser registrados por ano no Brasil entre 2023 e 2025. Recém-divulgados na publicação “Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil”, os dados norteiam as estratégias na área oncológica brasileira, numa iniciativa que tem por objetivo aumentar a conscientização sobre a doença e influenciar a mobilização pelo seu controle.
Se os números assustam, os avanços científicos têm potencializado os resultados positivos na medicina oncológica. O sequenciamento genético tem contribuído de forma significativa para o enfrentamento da doença. É capaz de realizar o diagnóstico de síndromes de predisposição hereditária ao câncer, proporcionando a possibilidade de acompanhamento e tratamento individualizados e mais eficientes, com recomendações específicas para as condições detectadas.
A equipe de genômica do Sabin Diagnóstico e Saúde tem intensificado seus investimentos e trabalho no sequenciamento genético de doenças raras, entre elas os cânceres hereditários. “É inegável os benefícios que a genômica tem trazido para o paciente oncológico e também para seus familiares. Por isso, temos buscado ampliar o número de genes analisados de maneira a beneficiar cada vez mais pessoas em suas jornadas de saúde ao longo da vida”, destaca o coordenador de genômica do Grupo Sabin, Gustavo Barra. “A medicina de precisão é hoje a melhor estratégia para o tratamento de câncer e os testes moleculares, tanto aqueles realizados no tumor quanto aqueles que informam sobre a constituição genética do paciente, são indispensáveis para a realização dessa abordagem”, conclui Gustavo.
Antes da realização dos exames genéticos germinativos – que podem permitir o diagnóstico de síndromes de predisposição hereditária ao câncer -, existem alguns critérios que devem ser avaliados pelo médico que acompanha o paciente. A história familiar de câncer – que pode incluir neoplasias como câncer de mama, ovário e pâncreas – é um desses critérios de avaliação para investigação genética.
“Em casos como o câncer de mama, por exemplo, o diagnóstico da síndrome de predisposição genética para o câncer pode modificar inclusive as recomendações para rastreamento ao longo da vida, aumentando as chances de detecção precoce de possíveis tumores, além de permitir até mesmo condutas preventivas”, explica a médica geneticista do Grupo Sabin, Rosenelle Araújo.
“Os benefícios incluem ainda a definição de protocolos mais adequados em função do risco genético e conforme a indicação em diretrizes, procedimentos como cirurgias redutoras de risco e a quimioprofilaxia também podem ser possíveis em alguns casos e podem reduzir o risco de desenvolvimento da doença, por isso é importante discutir com o médico, tanto a indicação do exame quanto às condutas a partir do seu resultado”, destaca a médica.
“Câncer é uma doença que assusta, e com razão. Mesmo em casos de desfecho positivo com cura, o tratamento é longo e bastante impactante sobre a vida do indivíduo. Por isso é sempre bom lembrar, que ter uma predisposição hereditária não determina que um indivíduo vai ter a doença. Sabemos que o câncer não tem uma causa única. Há diversas causas tanto externas – presentes no meio ambiente e também associadas aos hábitos de vida – quanto internas – como hormônios, condições imunológicas, além das genéticas. Esses fatores podem interagir de diversas formas, dando início ao câncer”, explica Rosenelle.
“No entanto, existem fatores que atuam na prevenção do câncer e que todo mundo pode e deve fazer: manutenção do peso corporal, prática regular de atividades físicas, priorizar uma dieta balanceada e saudável e evitar o etilismo e o tabagismo. São medidas acessíveis para todos e fundamentais para quem busca saúde e bem-estar ao longo da vida”, conclui a médica.