Daniel Alves ainda é um jogador raro. Sem papas na língua, em uma de suas declarações ao longo da carreira, afirmou se considerar uma combinação da técnica de Jorginho e da raça de Cafu, os dois últimos antecessores na lateral direita que se sagraram campeões mundiais pelo Brasil. Em ano de Copa, ele voltou a ser convocado por Tite após longo período fora da Seleção e precisou entrar ainda no primeiro tempo depois da expulsão de Emerson Royal contra o Equador. Nesta terça-feira (1), porém, diante do Paraguai, será titular e capitão no Mineirão.
O título é o único que falta na carreira de Daniel Alves, atleta mais vitorioso da história do futebol com 42 troféus oficiais. Apesar dos questionamentos por conta da convocação do jogador de 38 anos (completa 39 em maio) para esta data Fifa, o ex-técnico do Cuiabá, Jorginho – justamente uma de suas referências no futebol – garante que não há motivos para dúvidas. Em entrevista ao Jogada10, o camisa 2 do tetracampeonato mundial cravou: Daniel Alves tem vaga entre os 11 iniciais na busca pelo hexa, no Qatar.
Daniel Alves entrou na vaga de Philippe Coutinho, contra o Equador, após expulsão de Emerson – Lucas Figueiredo/CBF
“Os laterais que estão sendo convocados são os melhores. Tanto o Emerson quanto o Danilo são muito bons, mas ainda não conseguiram manter na Seleção um nível de atuações que deixe o Tite tranquilo quanto a mantê-los como titulares. Por isso o Daniel Alves acabou voltando. Penso que ele tem todas as condições de ser o titular na Copa do Mundo, que é uma competição de tiro curto. Talvez precise ser poupado de um ou outro jogo, mas é um cara que tem muitas qualidades e experiência de sobra para ajudar a Seleção a conquistar o próximo Mundial”, disse o técnico, que acompanhou o jogador de perto, quando foi auxiliar técnico de Dunga entre 2006 e 2010.
Em busca de sua terceira Copa do Mundo (disputou os Mundiais da África do Sul, em 2010, e do Brasil, em 2014, e ficou ausente da Copa da Rússia, em 2018, por conta de lesão no joelho direito), Daniel Alves era o dono da lateral direita na Copa América de 2019. Quase três anos depois, terá a oportunidade de usar a vasta experiência a seu favor. Ele é o terceiro jogador que mais vestiu a Amarelinha, com 121 partidas. Fica atrás justamente de dois outros laterais: Cafu, que tem 150 partidas, e Roberto Carlos, que defendeu a Canarinho em 132 oportunidades.
Especialista quando o assunto é Seleção Brasileira, Jorginho encerrou a carreira como atleta aos 37 anos. Esteve presente em duas Copas do Mundo como jogador e em uma como auxiliar técnico. Mesmo confiante no trabalho de Tite e dos jogadores, o ex-comandante do Cuiabá não esconde a preocupação com a falta de jogos contra seleções do primeiro escalão do futebol mundial.
“A falta de amistosos contra seleções europeias é prejudicial para nós. Na realidade, a Uefa está dificultando bastante para que os países sul-americanos tenham essa troca de estilo e esquema de jogo. Isso pode atrapalhar o Brasil. Mas a Seleção está muito bem sob o comando do Tite, fazendo uma campanha excepcional nas Eliminatórias. Acredito no sucesso deles”, destacou.
‘Pedro deveria ser convocado. É o nosso único centroavante nato’
Com a classificação assegurada por antecipação para a Copa do Qatar, que ocorrerá entre novembro e dezembro deste ano, Tite começará a rodar o elenco convocado para viabilizar o maior número de opções táticas possíveis até a competição. O tetracampeão defende a convocação de Pedro, do Flamengo. Para ele, o jogador seria a solução para a indefinição que persiste no ataque canarinho.
“O ataque está um pouco indefinido, existem alguns jogadores como o Pedro que não vem sendo convocado e é um artilheiro. Um cara que é um centroavante mesmo, e o Brasil não tem aquele homem de área, que está presente sempre. Gabigol e Firmino são diferentes, já que saem muito da área, e acredito que o Pedro é o único centroavante nato que temos. Também penso que existe uma lacuna na posição de meia-atacante. Nesses próximos meses, se alguém se destacar, pode ser que tenha uma oportunidade na Seleção Brasileira. (Com Jogada 10)