Demitido do Atlético-AC após a eliminação do clube na fase de grupos do segundo turno do Campeonato Acreano, o técnico Carlos Júnior fez denúncia de uma tentativa de suborno para que o time perdesse o primeiro tempo da partida contra o Humaitá, válida pela terceira rodada do returno, disputada no dia 25 de agosto.

Segundo o treinador, caso fosse aceita a proposta, ele receberia R$ 10 mil. O treinador não aceitou a e gravou a conversa, realizada na véspera da partida, dia 24 de agosto. Após deixar o Acre, nesta semana, ele decidiu divulgar o áudio. A conversa teria a participação do ex-gerente do Galo Carijó, Elias. Carlos Júnior conta ainda que o volante Diego Baiano estava fazendo parte da negociata. O primeiro tempo do jogo terminou empatado sem gols. No fim, o Atlético-AC venceu por 3 a 1.

Trecho de conversa divulgada por ex-técnico do Atlético-AC — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Trecho de conversa divulgada por ex-técnico do Atlético-AC — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

De acordo com o treinador, após a conversa ser finalizada ele entrou em contato com o presidente e o vice-presidente do Atlético-AC, Elison Azevedo e André Ribeiro, respectivamente, para mostrar o áudio.

– No mesmo dia já contatei André Ribeiro e Elison Azevedo. Quando contatei eles, no outro dia, logo cedo, lá pro hotel foram e dentro do carro do Elison eu mostrei o áudio que gravei. Eles só me disseram: “professor, o senhor faz o que o senhor quiser”, diz.

Carlos Júnior foi contratado pelo Atlético-AC para a disputa do segundo turno do Campeonato Acreano. Ele deixou o clube com 100% de aproveitamento, com quatro vitórias em quatro partidas. No entanto, a campanha perfeita não foi suficiente para levar a equipe às semifinais. O Galo Carijó acabou ficando em terceiro lugar no grupo A, atrás de Rio Branco-AC e Plácido de Castro, líder e vice-líder, respectivamente, pelo saldo de gols.

Carlos Júnior, ex-técnico do Atlético-AC — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Carlos Júnior, ex-técnico do Atlético-AC — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

– Eu já sabia que esse cidadão, esse Diego Baiano, tinha algum tipo de situação feita lá no Batatais-SP. E, o presidente do clube, Elison Azevedo, foi quem trouxe ele pro Atlético Acreano. E eu já fiquei de olho nele. E com essa situação difícil, o clube já estava há sete meses sem pagar os atletas, ele começou a aliciar os meninos e comecei a prestar atenção nele e com isso ele veio tentar me aliciar também – diz.

Carlos Júnior explica o motivo de ter levado quase um mês para divulgar o áudio. Segundo ele, o temor te divulgar antes porque ele ainda não havia recebido tudo que o Atlético-AC lhe devia e a preparador físico João Paulo. Eles ainda nem receberam tudo. Segundo o treinador, falta o Atlético-AC pagar R$ 2 mil para ele e R$ 1 mil para o preparador físico.

– Divulguei o áudio agora porque, como o vice-presidente e o presidente sabiam do que tava acontecendo porque mostrei o áudio a eles, fiquei com receio de que eles não nos pagassem os três meses que ficamos no Atlético e não nos mandasse de volta – conta.

A diretoria do Atlético-AC nega envolvimento em qualquer negociação do tipo que está sendo denunciada pelo técnico Carlos Júnior. O vice-presidente do Galo Carijó, André Ribeiro, diz que o clube averiguou e não tem qualquer participação na proposta oferecida.

André Ribeiro, vice-presidente do Atlético-AC — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

André Ribeiro, vice-presidente do Atlético-AC — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

– Esse áudio chegou pra gente do próprio Carlos Júnior. O Carlos Júnior chegou, apresentou pra gente esse áudio, que procuraram ele. Queria deixar bem claro que nunca procuraram o Atlético, nunca me procuraram e nem o presidente, que é o Elison. Isso já foi procurado diretamente onde o Carlos Júnior estava hospedado. A gente apurou, verificou. A gente tomou todas as precauções o clube porque a gente não participa disso – afirma.

O volante Diego Baiano admite que ouviu uma proposta, mas que acreditava ser uma gratificação ao elenco por uma vitória por quatro gols de diferença e não para perder a partida.

– Realmente aconteceu uma suposta situação de que um amigo aqui do clube, que estava aqui dentro, chegou até mim para me passar um valor para a gente ganhar um jogo por quatro gols de diferença. Eu acho que até aí não é manipulação, e sim um bicho, uma premiação para que motive os jogadores. De antemão, para minha pessoa, chegou pra mim essa conversa, esse áudio para ganhar o jogo de 4 a 0. Falei que só aceitaria alguma coisa se fosse de acordo com o presidente e o treinador. Até então, eles conversaram, o treinador e essa pessoa. Depois disso, que saiu de perto mim, não sei mais o que aconteceu. O meu áudio que tem falando pra mim é o áudio que falei, que é ganhar um jogo de quatro gols, a pessoa daria uma premiação de R$ 20 mil – diz.

Diego Baiano, volante do Atlético-AC — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Diego Baiano, volante do Atlético-AC — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

O volante se desculpa, caso tenha cometido um erro, e ressalta que sempre achou que seria uma bonificação ao elenco e não uma tentativa de compra de jogo.

– Se eu errei por ter conversado com essa pessoa, peço desculpas porque também não concordo. Mas, acho que se conversei foi porque achei que era uma situação que era gratificação para nosso clube, para nossos jogadores, que era simplesmente um bônus para ganharmos os jogos – finaliza.

*Colaboração Eldérico Silva, da Rede Amazônica Acre (Globo Esporte)