A Polícia Civil concluiu nesta segunda-feira (8) o inquérito que apura o envolvimento do ex-secretário estadual de Segurança Publica, Rogers Jarbas, no caso de escutas ilegais no estado, conhecido como ‘Grampolândia Pantaneira’. Jarbas foi indiciado por falsidade ideológica, violação de sigilo funcional, usurpação de função pública e obstrução de justiça.

O relatório final foi encaminhado ao Judiciário com o indiciamento do investigado. As investigações apontaram que Rogers se aproveitou do cargo que ocupava na época para atrapalhar o rumo das investigações, com o intuito de ‘blindar’ a suposta organização criminosa.

O advogado de Rogers Jarbas informou que ainda não teve acesso ao indiciamento e, por enquanto, não vai se manifestar.

O grupo envolvia agentes públicos civis e militares e, inclusive, chegou a alugar uma sala comercial para funcionamento do escritório clandestino de escutas ilegais.

Embora tenha sido instaurado em 2017, o andamento do inquérito policial foi afetado por decisões do Superior Tribunal de Justiça e pela pandemia da covid-19, que provocou, ainda, mudanças na equipe da força tarefa.

Ao final, as investigações resultaram em 14 volumes de pastas, que totalizam 14.055 páginas e mais de nove horas de oitivas colhidas.

A delegada responsável pelas investigações, Ana Cristina Feldner, ressaltou que foram colhidos inúmeros elementos informativos em outros seis inquéritos policiais, que, em decorrência da gravidade dos crimes, em tese praticados, estão em fase conclusiva, sendo possível estabelecer a conexão e coordenação entre os procedimentos.

Grampolândia

Cerca de 80 números de telefone foram grampeados pelo núcleo de inteligência da Polícia Militar de Mato Grosso, em um esquema ilegal de espionagem.

As interceptações clandestinas teriam ocorrido entre outubro de 2014 e agosto de 2015 e tiveram entre os alvos o desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) José Ferreira Leite, a deputada estadual Janaína Riva (PMDB), e o vereador Vinícius Hugueney (PP).

Autoridades, profissionais liberais, jornalistas e advogados tiveram os telefonemas interceptados em um esquema conhecido como “barriga de aluguel”, no qual os números foram inseridos indevidamente em processos de investigação de tráfico de drogas para obter autorização judicial para a quebra de sigilo.

Na época, o ex-secretário de Segurança Pública, Mauro Zaque, disse ter entregue ao governador documentos que comprovavam a existência de ‘escritório clandestino de espionagem’, para que o caso fosse investigado. No entanto, o governador negou ter recebido essa documentação.

Fonte: G1 MT