Uma revisão sistemática feita por epidemiologistas britânicos concluiu que o uso de máscaras pode não funcionar para o controle de infecções respiratórias como a gripe, a síndrome respiratória aguda grave e também a Covid-19.
O estudo chamado “Intervenções físicas para interromper ou reduzir a propagação de vírus respiratórios” analisou os resultados de 78 pesquisas feitas em várias partes do mundo, antes e durante a pandemia, para determinar a eficácia real do uso de máscaras e da higiene das mãos para deter a transmissão dessas doenças.
A principal conclusão causou grande surpresa e polêmica: “não temos certeza se usar máscaras ou respiradores N95/P2 ajuda a retardar a propagação de vírus respiratórios”, disseram os epidemiologistas.
Segundo eles, “o uso de máscara pode fazer pouca ou nenhuma diferença em quantas pessoas contraíram uma doença semelhante à gripe ou à Covid-19; e provavelmente faz pouca ou nenhuma diferença em quantas pessoas têm gripe ou Covid-19 confirmada por um teste de laboratório”.
O trabalho foi feito por 12 epidemiologistas, liderados pelo professor britânico Tom Jefferson, e publicado pela organização sem fins lucrativos Cochrane –uma entidade muito respeitada pelos seus estudos relacionados à saúde pública.
“Em comparação com o uso de máscaras médicas ou cirúrgicas, o uso de respiradores N95/P2 provavelmente faz pouca ou nenhuma diferença em quantas pessoas têm gripe confirmada; e pode fazer pouca ou nenhuma diferença em quantas pessoas contraem uma doença semelhante à gripe ou doenças respiratórias”, diz o estudo.
Já a higienização das mãos teve efeito comprovado para evitar a disseminação de vírus. “Seguir um programa de higiene das mãos pode reduzir o número de pessoas que contraem uma doença respiratória ou semelhante à gripe, ou têm gripe confirmada, em comparação com pessoas que não seguem esse programa”, disseram os epidemiologistas.
O trabalho contraria uma das recomendações mais importantes feitas pela Organização Mundial da Saúde durante a pandemia, que foi justamente o uso sistemático das máscaras respiratórias para evitar a disseminação do novo coronavírus. A recomendação, inclusive, continua em vigor.