Um caso de racismo foi registrado dentro da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Três alunos haitianos que estudam na instituição relataram ter sofrido um episódio de racismo esta semana nas dependências do Restaurante Universitário (RU) da instituição. Conforme relato, divulgado nas redes sociais, uma estudante brasileira os abordou oferecendo restos de comida. O episódio teria ocorrido na última segunda-feira (17.04).

Os haitianos explicaram como ocorreu o fato: “Depois de sofrermos muito preconceito e racismo aqui, decidimos denunciar o último ato de racismo que vivemos hoje no RU. Hoje (17), na hora do almoço, estávamos comendo, conversando e fazendo piadas em nossa língua, de repente uma menina saiu de bem longe e veio nos perguntar se queríamos comer os restos de frango que sobraram no seu prato”.

E não teria sido apenas isso. Em carta, os rapazes ainda apontam serem vítimas de outros casos de desrespeito e ignorância no país. “Por mais pobre que o Haiti seja, não precisamos do favor de ninguém, entramos aqui por nosso mérito, isto não é um favor. Disputamos nossas vagas com pessoas de todos os países da América”.

Os haitianos disseram ser comum que brasileiros perguntem onde fica o Haiti ou em que região da África o país, que na verdade é caribenho, se localiza. “Pessoas ficam assustadas que haitianos estão fazendo pós-graduação no Brasil (mas se lerem um pouco sobre o Haiti, saberia que somos muito estudiosos e somos brilhantes no mundo inteiro). Parem com essas perguntas, precisamos de respeito. Haitianos podem ser garçons, funcionários, também podem ser pesquisadores”, desabafaram eles.

Houve apoio de dois setores: O Programa de Pós-Graduação em História da UFMT e a gerência do RU publicaram nota rechaçando o ocorrido e prestando solidariedade aos haitianos. “Os atos de racismo contra estudantes negros e estrangeiros são profundamente lamentáveis e nos lembram da necessidade sempre urgente da sociedade brasileira e, em especial, da universidade discutir profundamente o racismo e toda e qualquer forma de discriminação e subalterização de sujeitos”, traz um trecho da nota. Até o momento, a instituição não se manifestou sobre o ocorrido.