O senador Marcelo Castro (MDB-PI) disse que o orçamento do país para 2023 “está no osso” e tenta encontrar alternativas para caber as promessas do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na proposta. Segundo Castro, há pouco margem de gastos para o próximo e o novo governo terá que informar de onde vai tirar verba para bancar as promessas feitas na campanha.
Segundo Castro, a previsão de despesas extras com as promessas de Lula deverá ser de R$ 100 bilhões. Entre as principais medidas estão a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600 e o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 6 mil.
“O País pode ter menos de R$ 24 bilhões de investimentos? É um escândalo. Estamos no osso. O novo governo vai ter de cumprir o compromisso público, terá de dizer como fazer”, disse o parlamentar, em entrevista ao Estadão.
“Não tem condições políticas de esse assunto não ser resolvido. Imagina como entraria o Lula, presidente da República, descumprindo a sua principal promessa de campanha. Não tem como. Em janeiro, as pessoas vão receber quanto? Com segurança, sou capaz de dizer que vão continuar com R$ 600”, concluiu.
Castro deve se reunir nesta quinta-feira (3) com o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, e com o senador pelo Piauí Wellington Dias (PT-PI) para discutir as alterações do texto. Uma das ideias da cúpula petista é manter a PEC dos Benefícios ou uma nova proposta liberar gastos até a reorganização das contas públicas.
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O senador criticou o inchaço do orçamento público e ressaltou a necessidade de viabilizar os investimentos no país. Segundo Castro, o país tem R$ 99 bilhões de espaço discricionário (gastos sem obrigação), sendo que menos da metade irão para emendas parlamentares.
“O espaço discricionário (despesas não obrigatórias) que tem no Orçamento é de R$ 99 bilhões. E o que tem de investimento são R$ 24 bilhões. Não tem espaço para nada. O Orçamento é engessado. Dentro desses R$ 99 bilhões, estão as emendas e R$ 24 bilhões de investimentos”.
Questionado sobre o orçamento secreto, o senador foi enfático e disse que não iria propor o fim das emendas. Segundo Marcelo Castro, não dá para viver de “fantasias” e diz ter certeza que encontraria resistência de deputados e senadores caso cogite a proposta.
“Milagre a gente não faz. Por que os parlamentares vão aprovar uma proposta que eu leve acabando com a RP9 (sigla do orçamento secreto)? Não vivemos de fantasia, mas de realidade. Se eu propuser isso, você imagina: como é que se aprovaria? Eu não vou propor isso. Não vivo de fantasia, vivo de realidade. O presidente Lula já deu declarações de que é contrário (ao orçamento secreto). Ele vai tratar desse assunto agora ou quando assumir a Presidência da República?”.
Fonte: IG ECONOMIA