As angústias que nos cercam são oriundas das perguntas sem respostas. Quando se está de frente para o mistério sobressai o medo ou a inquietação, ou ainda ambos. A resignação não é dom dado a todos, tendo uns a indagação como sua essência e modo de vida.

Avançar sobretudonaquilo que não nos aparece, que não conhecemos pelos sentidos e nem podemos imaginar a origem, conteúdo e forma, nos absorve em pensamentos e ilações que nem sempre têm conclusões. A indiferença da natureza para conosco nos devora a inteligência e desespera.

Disso resulta que somos presas fáceis dos messiânicos porta-vozes da felicidade e de cura de todos os males. O povo não tem o necessário discernimento sobre o fenômeno e tampouco está interessado em aprender. Querem o “alimento” espiritual como forma de esquecer a miséria material.

Leia TAmbém:
– Direito à ironia

– Lutemos todos!

– Conhecimento em si

– Curupira, Pai do Mato, Caipora, cadê você?

– As flores estão alegres

– Felicidade pós liberdade

– A vida como ela é…

– Férias como reflexão

 

– O que te aprisiona?

– Viver melhor!

– O Kardec brasileiro

– Criminalidade

– De quem é a culpa?

– Liberdade como possibilidade

– Dia do rádio!

 

– No tempo dos sábios…

– Dualidade invisível

– Autonomia moral

– Existir e ser

– Paz e guerra

– A um passo da felicidade

– Os que lutam, a glória

– Humanos conceitos

– Os modelos mentais!

– Momentos de delírios…

– Política, moral e sanção

– Identidade social

– Toda honra, toda glória!

– Deus existe?

– Verdade? Não, fofoca

– Dignidade

– Fatos e ilusões!

– Súditos…

– Quem somos?

– Democracia e constitucionalismo

– Modernidade implacável

– Espinhos…

– Pensar e existir

– Verdade sobre si mesmo

– Corpos não mentem

– Fígado saudável, alma que suporta…

– Uma lógica, apenas!

– O mito da imparcialidade

– Versos e verdades

– Os Santificados…

– Mitos e verdades

– Direito e moral

– O real e o sonhado

– Verdade e consequência

– Ética e autenticidade

-Caráter e destino

– Sejas

-As cigarras!

-Se viver, verá!

-Mal, por misericórdia

-Intuição, valores

-Viver e melhor

-Qualquer pensamento, qualquer existência

-Um sonhador!!!

-Cuidado

-Eles Vivem?

-Paz e amor

-Consciência, de Chico

-Felicidade, a quem?

-Somos, missão e dever!

-Liberdade como pena

-Alegria, alegria…

-Do pensamento, felicidade!
-Sou por estar

-Liberdade sem asas

-Utopia para caminhar…

-Amar, de menos a mais
-Ouvir e calar
-Rir e chorar
-Somos e sermos…
-Violência circular
-Dever para com o povo
-A verdade que basta

      

Nunca deu certo Estado e religião (quaisquer das denominações) se misturarem. O estrago será sentido no tempo, especialmente na criação e crescimento daintolerância religiosa, que por si só é gravíssima.O púlpito religioso e a farda, que estavam esquecidos, foram trazidos para a cena de importância do momento (status) social e não sairão tão fácil. É sintomático, todos gostamos de afagos e de sermos lembrados.A aristocracia da força e fé voltou à cena e não vai querer perder a importância. A burguesia tende a perder a nobreza, e isso também já preocupa banqueiros e industriais.

O orador irlandês foi preciso: “O preço da liberdade é a eterna vigilância” (John P. Curran). A democracia não é o ideal, mas ainda é o melhor. Nela se pode divergir, libertar-se, ter identidade de acordo com o próprio entendimento, vontade. A manifestação é livre e o Direito é o guardião de todas as conquistas políticas e sociais.

Mas o Direito não engana a fome e não faz dela, esquecimento.É preciso a metafísica (não a voltada para a ciência) para impor imaginação, crença em dias melhores e num reino todo preparado para os que sofreram. Por isso a luta e engajamento político fracassam no universo mágico das alternativas espirituais.

Quando aceitamos a hipótese de não haver resposta para tudo e a realidade sensível é o que nos faz inseridos num espaço de dignidade ou de miséria, a vida e a consciência humana se unem. Passamos a enxergar a cidadania e lutar por ela, não permitindo espaço para qualquer tipo de retrocesso. O povo se projeta como tutor da democracia, considerando-a como regime político melhor para a administração do Estado, nela depositando seu total interesse.

A Constituição se torna uma mera folha de papel quando os fatores reais de poder assim desejarem (para lembrar de Ferdinand Lassalle). A norma constitucional e a sua conformação exigem que o povo, quando transformado no maior fator real de poder, o que a democracia impõe, tenha conhecimento e aceitação pelos seus termos e creditam a ela o comando normativo da nação. Não pode ser transformada em simples peça de retórica em época eleitoral.

A par disso, está cristalino no texto constitucional a laicidade do Estado brasileiro. Estado e religião caminham separados, devendo as denominações religiosas pararem com essa simbiose entre crença e eleições, o que vem se acentuando com as denominadas bancadas evangélicas, católicas, espíritas etc. Afinal, dê a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus (Mateus, 22:21).

É por aí…

 

*GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO (Saíto)   é formado em Filosofia e Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); é membro da Academia Mato-Grossense de Magistrados (AMA), da Academia de Direito Constitucional (MT), poeta, professor universitário e juiz de Direito na Comarca de CuiabáE é autor da página Bedelho Filosófico (Face, Insta e YouTube).

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“O preço da liberdade é a eterna vigilância” (John P. Curran)