A cidade italiana de Pompeia, destruída em 79 d.C., é um dos sítios arqueológicos mais famosos do mundo. Até agora, acreditava-se que a catástrofe que matou boa parte da população e soterrou a cidade, estava ligada exclusivamente à erupção do Monte Vesúvio. Mas, em meio aos seus escombros, uma equipe de pesquisadores parece ter encontrado os primeiros indícios de um forte terremoto, posterior à atividade vulcânica.
Durante a escavação de uma sala na Insula dei Casti Amanti, na parte central de Pompeia, foram descobertos dois esqueletos que se diferenciavam dos demais localizados na região. Ao conduzir análises sobre os exemplares, identificou-se que eles não haviam sido mortos sufocados ou incinerados pelos gases quentes e cinzas do Vesúvio, mas, sim, esmagados por paredes – muito provavelmente provenientes de abalos sísmicos.
Os últimos minutos dos indivíduos – meticulosamente reconstruídos, como uma cena de crime – fornecem a primeira evidência direta de que tremores acompanharam a erupção vulcânica e foram responsáveis por pelo menos parte da destruição da cidade. Um artigo sobre o estudo foi publicado na quarta-feira (17) na revista Frontiers in Earth Science.
Destruição de Pompeia
A maioria dos arqueólogos concorda que a destruição de Pompeia se deu em duas fases. Inicialmente, pedra-pomes e cinzas choveram sobre a cidade, sufocando muitos moradores e desabando telhados em cima de outros. Algumas horas depois, massas de gás quente e cinzas cobriram a cidade e matando todos os sobreviventes.
Como destaca a revista Science, o único relato em primeira mão conhecido sobre o desastre, escrito por Plínio, o Jovem, do outro lado da baía do vulcão, já observava que o solo teria tremido violentamente após a erupção inicial. Mas os pesquisadores ainda não haviam encontrado nenhum sinal claro de danos causados por terremotos nas ruínas da cidade. Desta forma, a nova evidência coloca à prova o registro da testemunha ocular.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2024/m/J/IzkZvVS6CLH2A0saaIDQ/1587px-vesuvius-from-pompeii-hires-version-2-scaled-.png)
A equipe do novo estudo, formada por arqueólogos, geólogos, antropólogos e arqueosismólogos, abordou a cena como detetives. Eles descobriram que os esqueletos, ambos pertencentes a homens, estavam em cima de uma camada de pedra-pomes que havia entrado na casa por uma janela, sugerindo que os homens haviam sobrevivido à fase inicial da erupção e tinham ido ao quarto para buscar refúgio.
Nenhum deles apresentava sinais de asfixia ou marcas de queimadura, o que indicaria morte pelas correntes piroclásticas posteriores. Mas, nos dois exemplares, havia traumas de compressão graves. As marcas eram semelhantes às sofridas por vítimas de terremotos atuais.
“Nós juntamos todas as peças, como um quebra-cabeça”, diz Domenico Sparice, autor principal do artigo, à Science. “E todas as evidências apontam para um terremoto que ocorreu após a primeira fase da erupção, mas antes que as massas de gás quente e cinzas varressem a cidade”.
Os especialistas especulam que a ocorrência do terremoto provavelmente afetou as escolhas feitas pelos moradores que sobreviveram à destruição inicial. Durante o tremor, muitas pessoas podem ter tentado escapar de seus abrigos, mas foi aí que provavelmente foram atingidas pelas correntes piroclásticas.
(Por Redação Galileu)