O professor Sérgio Cintra, um dos maiores especialistas da área em Mato Grosso, diz que se surpreendeu positivamente com o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio neste ano – ‘Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil’. Na véspera da prova, sábado (20), Cintra ministrou aulão de redação pelo canal do YouTube do HiperNotícias, atraindo centenas de inscritos.

De acordo com o especialista, as informações noticiadas pela imprensa nos últimos dias de que o governo federal teria tentado interferir nas questões do exame levantaram suspeitas sobre os possíveis temas da prova.

“A gente imaginou que não teria um tema que envolvesse cidadania. Analisando a prova de Linguagens como um todo, o que achei interessante é que, apesar das tentativas de interferência no exame, a prova manteve o forte apelo social. Tem questões sobre negros, sobre mulheres e aborda os problemas do dia a dia de uma sociedade em construção”, esclarece ao HNT.

Cintra ainda faz um comparativo com os temas das duas edições passadas.

“Em 2019, o tema foi democratizar cinema, que é uma estrutura que está decadente diante de Netflix, por exemplo. A decadência é consequência da TV e dos canais de streaming. Já o tema do Enem passado, sobre estigma das doenças mentais, foi perfeito. Porque não se discute em casa as doenças mentais. Ninguém quer saber disso. Já este ano, o tema manteve essa linha dos invisíveis. É muito interessante a linha de abordagem social do problema. A minha surpresa é bastante positiva em relação ao tema da redação e à prova também, apesar de não tocar na ditadura militar, mas é normal que não fosse abordar isso”, avalia.

O especialista reconhece que o tema da redação é “difícil” ainda mais tendo em mente que a maior parte dos alunos não possui repertório sociocultural para escrever sobre esse assunto, mas que o importante é que os alunos tenham se atentado aos critérios de avaliação da redação e a estrutura do texto argumentativo.

Abstenção

Neste ano, se inscreveram 66.988 pessoas para a prova impressa e 3 mil para a prova digital, sendo assim pouco mais de 29% a menos se comparado com 2020. No ano passado foram 98.924 mil alunos inscritos no estado, o que corresponde a pouco mais de 29% a menos se comparado a 2021.

(Publicado originalmente no HiperNoticias)