O embalsamamento de corpos é uma prática já conhecida no Egito Antigo e em algumas partes da América do Sul. Mas um estudo publicado no periódico Scientific Reports revelou as primeiras evidências da prática na França moderna, entre os séculos 16 e 17, para aqueles nascidos na aristocracia.
As técnicas usadas para embalsamar os corpos estudados indicam que o objetivo da prática não era preservá-los pelo máximo de tempo possível, mas até que a cerimônia de enterro fosse realizada pelos entes queridos das vítimas.
O processo consistia em remover todos os órgãos internos do corpo, lavá-lo e então preenchê-lo com uma substância embalsamadora. Até mesmo o cérebro era removido — os crânios eram cortados limpos para permitir sua substituição posterior.
Para chegar à conclusão de que havia embalsamento na França moderna, os pesquisadores do Instituto Arqueológico Austríaco da Academia Austríaca de Ciências, Université de Bordeaux e Aix-Marseille Université analisaram 12 esqueletos de pessoas enterradas por quase dois séculos em uma cripta compartilhada da família Caumont no sudoeste francês.
Em 2017, especialistas encontraram no local cerca de 2 mil fragmentos de ossos embalsamados de forma similar, correspondentes a sete adultos e cinco crianças. Em 2021, outra escavação na capela descobriu o túmulo individual de uma mulher idosa cujo corpo também foi embalsamado.
O embalsamento dos doze indivíduos analisados é idêntico ao descrito pelo cirurgião francês Pierre Dionis em um manual de autópsia de 1708, e os pesquisadores destacam que é raro ver vários embalsamentos em uma mesma família. A descoberta sugere que o conjunto familiar não era apenas rico, mas também de muito prestígio.
“Nossas investigações macroscópicas e microscópicas revelaram um tratamento técnico completo e altamente padronizado que era semelhante tanto para adultos quanto para indivíduos imaturos muito jovens e exibe um conjunto de habilidades que foi transmitido ao longo de dois séculos”, concluíram os investigadores.
(Por Redação Galileu