O lateral-esquerdo Igor Cariús, atualmente no Sport, foi condenado nesta semana a 540 dias (um ano e meio) de suspensão e multa de R$ 50 mil por participação em esquema de manipulação de resultados, dois meses após ser absolvido pelo mesmo STJD. O acórdão divulgado no site do STJD, nesta sexta-feira, mostra a diferença de peso nos dois julgamentos.
Desta vez, as provas reunidas pelo Ministério Público sugerem que o atleta recebeu R$ 30 mil, na conta de uma pessoa próxima, para tomar cartão amarelo contra o Atlético-MG pela Série A 2022, quando à época defendia o Cuiabá. Foi o que baseou o STJD para aplicar a punição. Na ocasião, o órgão o absolveu pelas denúncias nos jogos contra Ceará e Palmeiras, alegando presunção de inocência. Entenda abaixo.
A acusação
O documento diz que Cariús – que nega as acusações – teria ajustado vantagem financeira antecipada de Bruno Lopez de Moura, apostador também envolvido no esquema de manipulação de resultados. No referido confronto com o Galo, o lateral foi advertido com o cartão combinado.
Na denúncia criminal, a quantia de R$ 30 mil, no entanto, não caiu diretamente na conta do jogador e sim de um terceiro, o primo da sua esposa, Wallisson de Oliveira Santos. Ele, inclusive, estava na residência de Igor no ato do mandado de busca e apreensão do Ministério Público de Goiás.
“Por conta de tal conduta”, explica o acórdão, a Procuradoria requereu a condenação de Cariús nos artigos 191, inciso III, e 243, § 1º, do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, na forma do art.184.
O que diz a defesa
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Igor Cariús sai de campo machucado durante Sport x Vitória — Foto: Rafael Vieira/AGIF
O lateral-esquerdo argumenta que os lances das faltas seriam normais, mas confirma que Wallison, primo da sua esposa, seria uma espécie de “faz tudo”, porque não tem tempo para organizar as próprias coisas.
A defesa de Igor Cariús ainda acrescenta o fato dele ter sido absolvido em julgamento da Operação Penalidade Máxima, ainda no início de junho, e que balizaria um recurso para a punição de agora. O atleta já garantiu que vai recorrer da decisão, indo ao Pleno do STJD.
Nesta sexta-feira abriram os prazos para recurso e os condenados têm três dias para recorrer. Ainda não há, no entanto, data para o julgamento.
Mais detalhes do acórdão
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Prints de conversa entre apostadores indicando envolvimento de Igor Cariús em esquema de manipulação — Foto: Arquivo Pessoal
Entre os 12 condenados, apenas dois, esclarece o Ministério Público, receberam de forma direta ou indireta, através de terceiros, os adiantamentos dos apostadores. O que, pelas conversas resgatadas no Whatsapp, serviu como sustentação para a condenação de Igor Cariús – e também de Dadá Belmonte.
– Dois receberam dinheiro diretamente em sua conta ou na conta de um familiar (lembrando que Igor confirma que Wallison, primo de sua esposa e titular da conta usada para os depósitos, seria responsável por gerir os gastos de sua vida particular), proveniente do grupo de apostadores, o que entendo suficiente para, reunido às conversas de WhatsApp entre os apostadores e dentro do contexto de verossimilhança construído a partir das confissões, confirmar sua participação. São eles: Adailson Freire Pereira da Silva e Igor Aquino da Silva.
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Registros de conversa entre Dadá Belmonte e apostador, também mencionando Igor Cariús — Foto: Arquivo
No processo em que, o lateral-esquerdo foi denunciado por suposta participação nos duelos de Ceará x Cuiabá, em 16 de outubro do ano passado, e contra o Palmeiras, em seis de novembro – ali recebendo apenas R$ 5 mil de R$ 60 mil prometidos.
Àquela altura, no entanto, quando Cariús foi absolvido pela maioria dos votos na 4ª Comissão Disciplinar do STJD, o acórdão revela que não haveriam provas suficientes para comprovar a participação do atleta, sendo necessárias mais provas por uma conclusão.
E que, nesse caso, não retiraria, na visão do auditor Iuri Engel Francescutti, a análise da conduta de Igor Cariús em outro evento. Francescutti, diga-se, destaca a presunção da inocência do atleta nesse mesmo processo, o que não significaria, contudo, dizer que houve uma conclusão de que o jogador não tivesse aceitado participar do esquema.
– Veja que na conversa do grupo de apostadores (reproduzido ao início), a mensagem de que “coloquei o Igor” é enviada em 10/11, mesma data do jogo aqui tratado, e o grupo aposta que o atleta receberia cartão na partida, o que se fato ocorreu. Note-se, ainda, que o atleta sequer tentou justificar que se tratou de cartão não intencional (lembrando que seu depoimento foi dispensado), fiando-se apenas numa suposta coisa julgada, que, repito, inexiste no presente caso – concluiu o relator. (GE)