O engenheiro agrônomo Kaio Furlan Andreasse, suspeito de atear fogo em pneus na BR-163, na região de Sinop, no norte do estado, durante bloqueios e movimentos antidemocráticos, teve a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva pela Justiça Federal, nessa segunda-feira (9), a pedido do Ministério Público. O veículo dele, usado para transportar os pneus, também foi apreendido.

A decisão é do juiz federal da 5º Vara de Mato Grosso, Jefferson Schneider.

“O cidadão brasileiro precisa ter a plena compreensão de que vivemos em uma sociedade na qual a liberdade de um cidadão não pode ser tão extensa e ilimitada que possa restringir ou aniquilar a liberdade de outro cidadão, pois são dois iguais perante a lei”, diztrecho do documento.

O g1 tenta localizar a defesa de Kaio. No processo, os advogados pediram a liberdade dele e a devolução do veículo apreendido, alegando que ele não participou do crime. No entanto, os pedidos foram negados.

Conforme a decisão, Kaio foi preso no momento exato em que descarregava pneus da caminhonete dele, os quais estavam sendo queimados sobre a rodovia, interrompendo o fluxo de veículos e o direito de ir e vir.

Segundo relatos de policiais rodoviários federais, pelo menos seis pessoas ajudavam carregar os materiais até a estrada para manter as chamas. O referido veículo foi identificado como sendo do agrônomo, que também estava no local do incêndio.

“Há fortes indícios de que os delitos foram motivados pela insatisfação do custodiado com o resultado das últimas eleições presidenciais e a busca por sua reversão de modo antidemocrático, pois a obstrução da estrada federal ocorreu no mesmo dia em que os prédios dos Três Poderes, em Brasília, foram invadidos e depredados por integrantes de movimento antidemocrático”, cita o juiz na decisão.Bloqueio feito no nortão durante a noite de domingo (8) — Foto: Divulgação

Bloqueio feito no nortão durante a noite de domingo (8) — Foto: Divulgação

De acordo com o magistrado, também existem fortes indícios de que Kaio participa ativamente dos movimentos antidemocráticos em Sinop desde o resultado da última eleição presidencial.

O juiz cita ainda que os crimes, em tese, cometidos pelo engenheiro – incêndio na rodovia, atentado contra a segurança de meio de transporte e tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito – “denotam, no caso concreto, circunstâncias de máxima gravidade, isto porque o fogo ateado aos pneus, em tese, transportados pelo custodiado até o local, efetivamente obstruiu o tráfego da rodovia federal por horas colocando em risco concreto a vida dos usuários”.

Vida em risco devido ao bloqueio

Karina contou como foi a saga para chegar em casa e colocar Guilherme, de 10 meses, no respirador. — Foto: Reprodução/Instagram

Karina contou como foi a saga para chegar em casa e colocar Guilherme, de 10 meses, no respirador. — Foto: Reprodução/Instagram

O bloqueio na BR-163, em Sinop, fez com que a família de Guilherme, de 10 meses, vivesse um momento desespero. O bebê tem Atrofia Muscular Espinhal (AME), que causa a paralisia gradual do corpo, e tinha pressa para chegar em casa para que ele usasse o aparelho que o ajuda a respirar – e que não funciona à bateria.

“Comecei a chorar, a entrar em desespero, porque já estava na hora do Gui fazer a sessão dele. Eles falam que ambulância estava passando, mas como, se atearam fogo de fora à fora da rodovia? Eles estavam jogando pedras em quem tentava passar”, disse.

No fim da fila de carros, apesar de estarem com os documentos que comprovam a condição do Guilherme, decidiram desviar pelos municípios de Vera e Santa Carmem, como alguns motoristas orientaram.

No domingo, a PRF registrou bloqueios em ao menos quatro trechos da BR-163. Além de Sinop, os manifestantes golpistas atuaram em Nova Mutum e Lucas do Rio Verde. Todos foram desmobilizados pelas equipes de segurança.

Técnicos da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros de Mato Grosso, Sifnra e Polícia Federal fizeram vistoria, na ponte, ontem