Um grupo de pesquisadores de universidades americanas encontrou um registro fóssil incomum: restos de uma espécie antiga de anfíbio que tinha o tamanho de jacarés. Encontrados no sítio Nobby Knob, no estado do Wyoming, Estados Unidos, a descoberta sugere que dezenas desses anfíbios primitivos podem ter morrido juntos há cerca de 230 milhões de anos. Um artigo publicado na revista científica PLOS One na última quarta-feira (2) descreveu a descoberta.
Os fósseis descobertos pertencem à espécie Buettnererpeton bakeri, integrante da ordem Temnospondyli, um grupo de anfíbios ancestrais que existiu entre 330 e 120 milhões de anos atrás. Esses animais estão entre os primeiros vertebrados completamente adaptados ao ambiente terrestre, ainda preservando traços aquáticos, como escamas e placas ósseas robustas chamadas de osteodermos. Eles são ancestrais distantes dos sapos, rãs e salamandras que hoje habitam a Terra.
Em relação ao B. bakeri, as informações disponíveis são limitadas devido à raridade de seus fósseis, tornando essa nova descoberta ainda mais significativa. Os numerosos restos encontrados mais que dobrarão o total de espécimes conhecidos, permitindo um melhor entendimento sobre a espécie. Hoje, sabe-se que esse anfíbio possuía um corpo compacto e quatro patas, vivendo em ambientes aquáticos de água doce, onde caçava qualquer presa que coubesse em sua boca.
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Além disso, o fato de esses fósseis estarem associados a um único evento de mortalidade em massa e serem encontrados em grande quantidade pode ajudar os cientistas a compreender melhor a dinâmica dessa população específica e a formular hipóteses sobre a causa de sua extinção.
“Foi uma mortandade local, semelhante ao que ocorre quando rios secam ou quando lagos recebem um influxo excessivo de nutrientes, levando à proliferação de algas que podem exterminar a vida aquática, como os peixes”, explicaram os paleontólogos Dave Lovelace e Aaron Kufner, da Universidade de Wisconsin-Madison, à Popular Science.
Segundo um comunicado, os fósseis foram encontrados em uma antiga planície de inundação, caracterizada por solos de grãos finos e camadas sedimentares bem definidas. As ossadas estavam excepcionalmente bem preservadas, com partes frágeis dos esqueletos intactas e sem indícios de deslocamento causado por fortes correntes.
Com base nisso, os pesquisadores sugerem que esses animais podem ter se reunido para se reproduzir ou para escapar de um período de seca, acabando enterrados juntos no local onde morreram.
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Até o momento, a análise dos registros ósseos já levou à descoberta de placas dentadas articuladas incrustadas no tecido mole da boca do B. bakeri. Além disso, a equipe planeja realizar uma análise tafonômica — o estudo das condições da morte e preservação dos organismos — para compreender melhor a formação peculiar dos fósseis encontrados no local.
Pesquisas futuras poderão revelar mais detalhes sobre o estilo de vida e as possíveis causas da morte desses anfíbios.
(Por Redação Galileu)