Há três anos, uma equipe do Instituto Nacional de Pesquisa Arqueológica Preventiva da França (INRAP) escava uma vasta necrópole celta localizada na comuna francesa de Creuzier-le-Neuf. Construída em solo bastante ácido, ela não tem esqueletos humanos preservados, mas, em compensação, está repleta de artefatos metálicos antigos. Entre as relíquias, uma chamou mais atenção do que as demais: uma espada de 2.300 anos com suásticas esculpidas.

Em comunicado publicado em abril, os cientistas afirmam que a área de 650 m² continha mais de 100 sepulturas, com objetos funerários em pelo menos metade delas. Algumas continham pulseiras de liga de cobre com fechos e broches feitos de liga de cobre e ferro.

Acredita-se que os itens datam de 5 ou 3 a.C. No geral, eles são adornados por pedras preciosas polidas, folhas de prata e símbolos em formato de olhos – os quais, segundo o que Vincent Georges, arqueólogo do INRAP, disse ao portal Live Science “estavam na moda entre os artesãos celtas”.

O que realmente impressionou os especialistas foram duas espadas, ambas protegidas por bainhas de liga de cobre. Uma delas, a mais alongada, foi descoberta com argolas que permitiam usá-la na cintura, enquanto a outra era mais curta e tinha uma lâmina pontiaguda.

Exames de raio-X revelaram a presença de um círculo e uma lua crescente esculpidos em sua parte superior, sugerindo que a arma também foi feita no século 4 a.C. Sua bainha é adornada com várias pedras preciosas, pelo menos duas das quais esculpidas com suásticas. Veja imagens:

Suástica

Como lembra a revista Smithsonian, muito antes do ditador alemão Adolf Hitler adotar a suástica como símbolo do partido nazista em 1920, ela já era usada em todo o mundo como um antigo emblema de boa sorte. Tanto é que já foram encontradas em artefatos em diversos locais na Ásia, Europa, África e América.

As suásticas eram comuns, sobretudo, no Mediterrâneo. Segundo o arqueólogo Heinrich Schliemann, pelo menos 1.800 suásticas foram identificadas em artefatos antigos na região onde, hoje, localiza-se a Turquia.

No final do século 5 a.C., percebe-se que o desenho foi adotado pelos celtas que viviam na Europa continental, como Georges conta à Live Science. Apesar disso, o pesquisador não sabe qual significado os celtas atribuíram ao símbolo.

Para o especialista, as duas espadas lançam uma nova luz sobre a cultura e o artesanato da região. A mais longa tem “todas as características de uma arma funcional” e sua bainha poderia ter sido usada por um cavaleiro.

A espada mais curta e decorada, por sua vez, provavelmente não era funcional. Em vez disso, existe a possibilidade de ela ter sido usada como símbolo de poder, talvez por um guerreiro em comando.

(Por Arthur Almeida)