Se as obras da primeira ferrovia estadual de Mato Grosso estivessem autorizadas entre janeiro e março de 2021, a população de quase 180 mil desempregados no estado estaria contratada. A situação – apenas hipotética – está entre os destaques de análises feitas pelo Observatório da Indústria, da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), que aponta um “choque” de desenvolvimento na fase de implantação dos trilhos da ferrovia estadual.

A cargo da Rumo Logística, as obras de construção da ferrovia estadual devem começar em 2022. A empresa já é responsável pelo maior terminal de cargas da América Latina, instalado em Rondonópolis, local de partida das obras de ampliação da ferrovia.

Com extensão de 730 quilômetros e instalação de até cinco terminais de cargas ao longo do trecho a ser construído, a obra da ferrovia estadual demandará um número significativo de mão-de-obra. Entre engenheiros, técnicos e especialistas de diversas áreas, estima-se que o empreendimento contrate de 162 mil a 186 mil pessoas, segundo estimativa da Fiemt. Já a Rumo fala na geração de 230 mil empregos, entre diretos e indiretos.

A variação entre o número mínimo e máximo de vagas calculadas pela Fiemt está dentro dos dois primeiros indicadores trimestrais de desemprego de Mato Grosso. A geração estimada de vagas seria equivalente à demanda do Estado, que tinha cerca de 180 mil desempregados no 1º trimestre deste ano. A previsão mínima de pessoas empregadas nas obras também socorreria a faixa de desempregados estimada no 2º trimestre de 2021: cerca de 162 mil desocupados.

O número de desempregados foi mapeado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD-Contínua Trimestral), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados da Pnad serviram de base de comparação para as análises feitas pelo Observatório da Indústria da Fiemt.

Conforme os consultores do observatório, o total de empregos que podem ser gerados nas obras da ferrovia é dividido em 105 mil empregos diretos, 41 mil indiretos e até 40 mil induzidos (empregos gerados a partir da melhora da renda das famílias mato-grossenses).

Na prática, nem todas as vagas previstas para construção da ferrovia seriam ocupadas pelo grupo estimado de pessoas desempregadas em Mato Grosso. A conquista de uma vaga dependeria de especializações e habilidades demandadas para obra de grande porte.

“As projeções da Fiemt consideraram os impactos na produção apenas na etapa de construção da ferrovia. Por isso, não foram mapeados os possíveis benefícios que ela poderá trazer para as regiões próximas ao estado”, destacam os analistas.