Com um relato emocionante sobre sua própria história de vida ligada à adoção, é que a primeira-dama do Estado e madrinha afetiva da Associação Mato-grossense de Pesquisa e Apoio à Adoção (Ampara), Virginia Mendes, participou da abertura do I Encontro do Centro-Oeste de Apoio à Adoção (Encoapa). O evento aconteceu nesta sexta-feira (22.11) e lotou o Fórum de Cuiabá, reunindo magistrados, psicólogos, assistentes sociais, advogados e representantes de instituições e sociedade organizada.
Ao lado da primeira-dama do Distrito Federal (DF), Mayara Noronha, a quem Virginia fez questão de convidar pela sua atuação similar em importantes causas sociais, a primeira-dama de Mato Grosso relatou sua trajetória de vida aos presentes. Além de ter uma filha adotiva, Virginia contou que também foi fruto de uma adoção.
“Eu sou testemunha deste amor. Tenho uma filha adotiva que é a alegria de nossa casa, é a luz e a felicidade de nossas vidas. Não existe diferença nenhuma entre ela e meus outros dois filhos. E eu também sou filha adotiva. Sempre pensei que quando tivesse filhos eu adotaria uma criança, porque fui adotada. Se eu estou aqui hoje como primeira-dama é porque tive uma trajetória de vida de amor pela adoção”, relatou Virginia, que pela primeira vez falou em público sobre sua história de vida e agradeceu aos pais adotivos por tudo o que fizeram por ela.
“Se não fosse minha mãe, Euridice, meu pai, que já não está mais conosco, eu não poderia nem estar aqui dando este testemunho. Sou a prova de que o amor é maior do que qualquer laço sanguíneo é que a família pode ser um grande agente transformador na vida de uma criança”, destacou a primeira-dama que decidiu falar sobre o assunto para desmistificar e acabar com o preconceito que ainda envolve o tema.
A primeira-dama ainda lembrou que muitas pessoas ainda têm dúvidas com relação à adoção. Sobre isso, Virginia lembrou do amor que envolve o gesto.
“Quem ainda tem alguma dúvida sobre adotar, não tenha, porque não existe um ato maior e nem mais bonito do que uma adoção. O amor é tão grande que não existe esta diferenciação entre um filho de sangue e um adotado”, pontuou a primeira-dama do Estado.
De acordo com os dados da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja), Mato Grosso possui atualmente 75 crianças e adolescentes aptas a serem adotadas, 1.006 pretendentes habilitados para a adoção e 625 acolhidos. Este número se aproxima da realidade do Distrito Federal, onde 126 crianças e adolescentes esperam por uma adoção e aproximadamente 600 famílias encontram-se habilitadas para adotarem.
No entanto, a primeira-dama do DF, Mayara Noronha questiona a desproporcionalidade entre estes dados e lembra da importância da disseminação de informação sobre os procedimentos legais para a adoção. Na oportunidade, Mayara parabenizou Mato Grosso pela realização do evento e agradeceu a Virginia pelo convite.
“Este convite da primeira-dama Virginia partiu de uma conversa informal que tivemos em setembro deste ano, que tratamos justamente sobre a adoção e essa morosidade da fila. O quantitativo de crianças a serem adotadas é grande, mas ao mesmo tempo ele chega a ser desproporcional se comparado ao número de famílias habilitadas. O nosso anseio é tentar achar uma forma de fortalecer a política de adoção no país”, destacou Mayara.
À frente das ações de promoção à adoção e coordenando a primeira edição do Encoapa, a presidente da Ampara, Lindacir Rocha Bernardon destacou o papel de fortalecimento e sensibilização que o evento tem para profissionais da área que atuam no acolhimento das crianças e jovens e das famílias que desejam adotar.
“Além de sensibilizar este público sobre o trato e o acolhimento da adoção, nós pretendemos estimular a criação e o fortalecimento de grupos de apoio à adoção, pois a união do Judiciário, dos municípios e destes grupos é que vão fazer a transformação e amenizar as dores da adoção”, explicou Lindacir.
Além disso, a presidente da Ampara lembrou da importância da participação do Estado, que se faz presente na figura de Virginia Mendes, enquanto madrinha afetiva da instituição.
“Madrinha afetiva é aquela pessoa que tem a experiência da adoção e que também tenha influência em todos os segmentos da sociedade. E Virginia Mendes tem este perfil. Há muito tempo ela vem trabalhando com a gente como voluntária e agora exerce essa função de madrinha afetiva, transmitindo essa experiência para as pessoas e fortalecendo o instituto da adoção”, pontuou Lindacir.
A primeira-dama Virginia Mendes destacou na sua fala o quanto a Ampara foi essencial no processo de adoção da filha. “Conheço a Lindacir há muitos anos e ela foi um anjo na nossa vida, nos dando o suporte necessário, tirando dúvidas durante e após o curso. É uma honra para mim poder ser madrinha da Ampara e trabalhar em prol desta causa que é tão especial na minha vida”
O presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), desembargador Carlos Alberto Alves da Rocha, definiu o processo de adoção como uma missão árdua do Poder Judiciário, no sentido de ser um processo criterioso e cuidadoso, visando o bem-estar da criança ou adolescente adotado.
“A adoção passa por um processo rigoroso e o Judiciário tem que verificar todas as condições das famílias que pretendem adotar e daquela criança que deve ser adotada. Então o Poder Judiciário é que tem a missão árdua de produzir o melhor para o futuro desta criança”, destacou o presidente do TJMT.
Programação
O 1º Encoapa conta com a parceria da Coordenadoria da Infância e Juventude (CIJ) do Poder Judiciário de Mato Grosso, da Comissão de Infância e Juventude (CIJ) da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) e da Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção.
A programação do evento segue até este sábado, dia 23/11, com diversas palestras sobre o tema e debates. Confira:
– A ESPERANÇA DE TER ESPERANÇA
Palestrante: Luiz Schettini Filho (GEAD – Recife/PE)
– REDE DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE E A CRIAÇÃO DE GAA’s
Facilitadores: André Tuma (Promotor de Justiça MP/MG) e Francisco Claudio Medeiros Júnior (Vice-Presidente da ANGAAD – Acalanto – Natal/RN)
– OS IMPACTOS DO TRAUMA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Palestrante: Suzana Schettini (GEAD – Recife/PE)
– O DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA E A BUSCA ATIVA
Facilitadores: Dr. Élio Braz Mendes (Juiz de Direito TJ/PE)
Suzana Schettini (GEAD – Recife/PE)
– A PREPARAÇÃO DOS PRETENDENTES À ADOÇÃO E O ACOMPANHAMENTO PÓS GUARDA PARA ADOÇÃO
Facilitadores: Soraya Pereira (Aconchego – Brasília/DF) e Vera Lucia Cardoso (Conviver – Aparecida de Goiânia/GO)
Depoimento: Júlio Resende (AMPARA – Cuiabá/MT)