Quando entrar no octógono do UFC em Las Vegas neste sábado, Amanda Nunes terá muito mais do que a peso-pena canadense Felicia Spencer pela frente. A Leoa, atual campeã peso-galo e peso-pena do UFC, terá a história como segunda maior rival no UFC 250. O objetivo é fazer o que jamais foi feito: defender dois cinturões da organização tendo posse de ambos. Nem mesmo nomes como Daniel Cormier, Conor McGregor e Henry Cejudo, que foram campeões duplos do evento, conseguiram defender os dois títulos sendo detentores de ambos.

O Combate transmite o UFC 250 ao vivo, na íntegra e com exclusividade neste sábado, a partir das 19h20 (de Brasília), com o “Aquecimento Combate”. O SporTV 2 e o Combate.com transmitem o “Aquecimento” e as duas primeiras lutas do card preliminar. O site acompanha todo o evento em Tempo Real.

Após cinco defesas de cinturão no peso-galo, batendo nomes como Ronda Rousey, Valentina Shevchenko, Raquel Pennington, Holly Holm e Germaine de Randamie, em uma invencibilidade de dez lutas em seis anos (sua última derrota aconteceu em 2014), a brasileira tenta a primeira defesa do título peso-pena – ela fez apenas uma luta na categoria, quando conquistou o cinturão derrotando Cris Cyborg por nocaute no UFC 232. Mas se engana quem acha que a possibilidade de fazer história é um peso a mais para a Leoa.

– De forma nenhuma. Eu nasci para ser campeã. Quero continuar fazendo história, batendo recordes e me aposentar sem perder meus dois cinturões. Não importa quem coloquem na minha frente. Pode ser a mulher de ferro. Eu vou vencer. Não pisquem os olhos. Quero o nocaute. A Felicia é uma menina dura, mas tem muitos buracos no seu jogo. Ela é um pouco descuidada, e vem com tudo para a luta. É nessa hora que eu sobressaio. Gosto quando as minhas adversárias vêm me atacar na maluquice. É aí que eu me saio melhor – disse Amanda.

Amanda Nunes é a campeã peso-galo e peso-pena do UFC — Foto: Jason Silva

Amanda Nunes é a campeã peso-galo e peso-pena do UFC — Foto: Jason Silva

Já a canadense, ex-campeã peso-pena do Invicta FC e que é a primeira atleta do seu país a disputar um cinturão do UFC desde que Georges St-Pierre conquistou o título peso-médio contra Michael Bisping em 2017, vê com tranquilidade a luta contra a brasileira, e garante que o respeito que sente não vai intimidá-la na hora da luta.

– É uma honra enfrentar uma lenda como Amada Nunes em uma disputa de cinturão. Vejo como um sonho sendo realizado. Claro que eu a respeito, e não acho que, quando eu a vencer, o título de “melhor de todos os tempos” virá para mim. Isso é parte de um processo, e eu estou só começando. Para mim, é mais uma luta por um cinturão, claro que em uma escala maior do que as que eu já tive, mas estou ansiosa para surpreender o mundo. Sempre fui o azarão nas minhas lutas, e gosto disso. Superar essa desconfiança me dá uma motivação extra.

Tensão no co-evento principal

No co-evento principal da noite, dois lutadores da elite do peso-galo tentam espantar a má-fase. O brasileiro Raphael Assunção, que vem de duas derrotas seguidas (para Marlon Moraes e Cory Sandhagen) enfrenta o ex-campeão Cody Garbrandt, que perdeu as três últimas lutas que fez por nocaute (duas para TJ Dillashaw e uma para Pedro Munhoz). Para o experiente pernambucano, vencer o americano o coloca em destaque na vitrine da categoria.

Raphael Assunção e Cody Garbrandt se enfrentam no UFC 250 para acabar com suas séries negativas — Foto: Getty Images

Raphael Assunção e Cody Garbrandt se enfrentam no UFC 250 para acabar com suas séries negativas — Foto: Getty Images

– Com certeza (é uma vitrine). O Garbrandt é um bom atleta, independentemente das (três) derrotas. Eu o respeito bastante. Uma vitória contra ele me põe perto de onde eu quero chegar. Estou faminto em ter essa experiência (de disputar o cinturão). Estou melhor do que quando era mais novo, física e fisiologicamente. A meta não mudou. Tive obstáculos, um par de derrotas, que há tempos eu não sentia, mas aprendi bastante – declarou Assunção ao Combate.

Garbrandt, por sua vez, admite que teve de lidar com seus demônios internos para superar a desconfiança de que o seu auge havia passado após ser nocauteado três vezes seguidas, sendo duas no primeiro round, e se diz pronto para retomar o topo da divisão.

– Antes de tudo eu tive que deixar a minha zona de conforto e reacender o amor que eu tenho por lutar. Não sei se me deixei levar pelas emoções ou se isso também foi algo que eu tive que ajustar. Mas a verdade é que não precisei reinventar a roda, só tive que percebe que havia coisas que eu ou não estava fazendo, ou não sabia que estava fazendo errado em termos técnicos ou no meu ritmo. Sou obcecado por esse esporte, por melhorar e por vencer. Perder faz parte do jogo, te desafia a crescer. Estou pronto para retomar o trono vencendo quem quer que esteja na minha frente – disse Garbrandt ao site “MMA Fighting”.

Novo clássico: Sterling x Sandhagen

Uma outra disputa no peso-galo no UFC 250 pode definir quem será o próximo ocupante do posto de desafiante número um ao cinturão da categoria, que deve ser disputado por Petr Yan e José Aldo nos próximos meses. Aljamain Sterling e Cory Sandhagen, respectivamente números dois e quatro do ranking da categoria, fazem, talvez, a luta mais equilibrada e de mais alto nível técnico do evento. Vindo de quatro vitórias consecutivas e com um jogo de wrestling forte, além da boa movimentação, Sterling encara a trocação de elite e as sete lutas de invencibilidade de Sandhagen.

Aljamain Sterling e Cory Sandhagen lutam UFC 250 pelo direito de disputar o cinturão peso-galo — Foto: Getty Images

Aljamain Sterling e Cory Sandhagen lutam UFC 250 pelo direito de disputar o cinturão peso-galo — Foto: Getty Images

– Espero que Yan x Aldo seja a última luta de brincadeira que o UFC faça valendo o cinturão peso-galo do UFC. Yan venceu um Urijah Faber que não é mais Faber, está em fim de carreira, e Aldo, que é uma lenda no peso-pena, perdeu a única luta que fez na categoria. Não importa o que Dana White pensa, o que meu primo ou o amigo dele achem. As opiniões que valem são as dos juízes, e Aldo perdeu para Marlon Moraes. Eu soube que o vencedor da minha luta contra Sandhagen será o próximo desafiante. Ótimo. Vamos ver se isso acontece mesmo. Estou pronto para ser campeão – disse Sterling na coletiva virtual do UFC na última sexta-feira.

Formiga deixa amizade com Perez de lado

Número quatro do ranking dos pesos-moscas do UFC, Jussier Formiga terá um desafio diferente no UFC 250: enfrentará um amigo, Alex Perez, atual número nove do ranking, com quem já fez muitos treinos e conhece há mais de dez anos. Nada, no entanto, que interfira no seu foco na luta de sábado. Perez vem de duas vitórias seguidas, enquanto Formiga vem de duas derrotas.

Amigos fora do octógono, Jussier Formiga e Alex Perez se enfrentam no UFC 250 — Foto: Getty Images

Amigos fora do octógono, Jussier Formiga e Alex Perez se enfrentam no UFC 250 — Foto: Getty Images

– Conheço o Alex de longa data, eu ainda lutava no Tachi Palace, não estava no UFC ainda. Ele estava começando a carreira profissional. Treinamos wrestling por um tempo, mas nunca fizemos sparring. É um bom wrestler, treina desde os nove anos de idade. É um atleta jovem, que vem fazendo sucesso no UFC e, infelizmente, nossos caminhos se cruzaram. Sábado vamos separar isso um pouco, temos de ser mais profissionais. Vamos dar o nosso melhor, fazermos nosso trabalho e, depois, a amizade continua – disse Formiga ao Combate.

Após o nocaute espetacular na vitória sobre Nate Landwehr em sua estreia no UFC, o peso-pena Herbert Burns encara o veterano Evan Dunham no peso-casado de 68kg para tentar provar que o triunfo conquistado na trocação – ele é especialista em jiu-jítsu – não aconteceu por acaso. Irmão de Gilbert Durinho, Burns acredita que o sucesso diante de Dunham virá através da “arte suave”.

Evan Dunham e Herbert Burns abrem o card preliminar do UFC 250 — Foto: Getty Images

Evan Dunham e Herbert Burns abrem o card preliminar do UFC 250 — Foto: Getty Images

– Minha principal arma é o jiu-jítsu, apesar de ter rolado o nocaute na última luta. Continuo sendo um cara do jiu-jítsu, que gosta de finalizar e de buscar a luta agarrada. Mas ele também é do jiu-jítsu, então talvez ele aceite a luta agarrada. Ele é muito experiente e tem um espírito de guerreiro. Não desiste nunca! Até vi uma luta dele recente contra o Beneil Dariush, foi uma guerra! Ele quase foi nocauteado no primeiro assalto, mas se recuperou e conseguiu um empate. Foi a luta da noite, uma excelente luta. Mas eu acho que sou superior a ele em todos os quesitos de luta. Sou mais técnico e tenho um jiu-jítsu mais afiado. Ele pode ser um pouco mais forte fisicamente, mas tem a inatividade de 19 meses sem lutar, e eu venho num momento bom – disse o lutador ao Combate.

6 de junho de 2020, em Las Vegas (EUA)
CARD PRINCIPAL (23h, horário de Brasília):
Peso-pena: Amanda Nunes x Felicia Spencer
Peso-galo: Raphael Assunção x Cody Garbrandt
Peso-galo: Aljamain Sterling x Cory Sandhagen
Peso-meio-médio: Neil Magny x Anthony Rocco Martin
Peso-galo: Eddie Wineland x Sean O’Malley
CARD PRELIMINAR (19h35, horário de Brasília):
Peso-pena: Alex Caceres x Chase Hooper
Peso-médio: Ian Heinisch x Gerald Meerschaert
Peso-pena: Cody Stamann x Brian Kelleher
Peso-médio: Charles Byrd x Maki Pitolo
Peso-mosca: Jussier Formiga x Alex Perez
Peso-meio-pesado: Alonzo Menifield x Devin Clark
Peso-casado (até 68kg): Herbert Burns x Evan Dunham

(Combate/Globo Esporte)