O trabalho de Miguel Ángel Ramírez sofre contestações de parte da torcida e também de um colorado ilustre. Em um áudio que circula no WhatsApp após a goleada sofrida pelo Inter por 5 a 1 para o Fortaleza, Dunga aponta que o espanhol precisa ter mais respeito pelo ambiente que o acolheu.

Ex-técnico da Seleção e do próprio Inter, o capitão do tetra recorda o histórico do clube e os rendimentos de jogadores que caíram de produção. Em contato com o ge, o treinador confirmou a autenticidade do áudio.

– Está em uma cidade que tem dois campeões mundiais. Como professor, precisa respeitar o país que abriu as portas. Com o Abel, Edenilson e Patrick jogavam muito, Yuri era artilheiro e Cuesta o melhor zagueiro do Brasil. Esses jogadores não estão jogando. Não adianta falar em Ferrari se não sabe dirigir a Ferrari – diz o treinador.

Procurado pelo ge, Dunga comentou sobre o trabalho de Ramírez. Reiterou o passado vencedor do país e Rubens Minelli, Ênio Andrade e Abel Braga, técnicos históricos do Inter. Elogiou a busca por uma integração e troca de conhecimentos, mas entende que não pode ficar preso a uma ideia.

Dunga falou que, quando você tem o dia a dia, a avaliação é distinta. O profissional precisa entender as características de cada atleta e buscar uma forma que se encaixe com o grupo. Ainda citou a necessidade de se aprofundar no contexto do local de trabalho.

– Temos que ser humildes e aprender. Mas você precisa ter respeito pela história. Ser inteligente é trabalhar com o material que tem e tirar o melhor deles. O treinador brasileiro trabalha com o que tem. Você precisa entender. O que o futebol gaúcho pede? Preciso fazer o que a torcida pede, não o que eu penso – afirma Dunga.

Ramírez, no comando do Inter contra o Fortaleza — Foto: Ricardo Duarte / Internacional

Ramírez, no comando do Inter contra o Fortaleza — Foto: Ricardo Duarte / Internacional

O capitão do tetra elogiou o trabalho de Jorge Jesus no Flamengo e o futebol que o time apresentava, mas que seguiu a rotina de taças após a chegada de Rogério Ceni. E voltou a elogiar a passagem mais recente de Abel, quando deu espaço aos garotos.

– No ano assado, não tinha plantel, jogador novo, nada. O Abelão chegou, botou os guris e rodou o plantel. Não falamos sobre isso. O Abelão fez um baita trabalho. É uma crítica que a imprensa pensar. Quando estrangeiro ganha, é bom. Quando perde, falta plantel. O Abel achou jogador da base, Praxedes, Caio – diz o treinador.

Enquanto Dunga espera que o Inter evolua, Ramírez tenta conter a pressão. Nesta quinta-feira, o técnico busca confirmar a classificação às oitavas de final da Copa do Brasil. A partida será disputada às 21h30 no Beira-Rio.

Como ganhou por 1 a 0 em Salvador, os gaúchos podem até empatar que se classificam às oitavas de final. Caso percam por um gol de diferença, a decisão será nos pênaltis. Derrota a partir de dois gols de diferença elimina o Inter. (Globo Esporte)