Não só se ouve rádio, mas se assiste. Sim, a tecnologia o transformou em televisivo, também. Pelo celular ou computador, ou mesmo TV ligada à internet, se assiste a programas, em especial jornalísticos, de rádio. Perde-se em imaginação.
Em configurações cada vez mais velozes, a vida está sendo reprogramada. Mas um fenômeno tem causado inquietação e espanto: nada disso tem interferido nas formas políticas e ideológicas já conhecidas desde Platão e Aristóteles (resguardando as nomenclaturas que nem sempre coincidem). Temos república e monarquia convivendo num mundo acelerado, assim como parlamentarismo, presidencialismo, capitalismo, socialismo, socialismo cristão, socialismo democrático, social democracia, liberalismo, democracia, nacionalismo etc. (não destacando aqui se se trata de modelo econômico ou não).
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Nas redes sociais se engalfinham ‘militantes’ de esquerda e uma ‘nova’ direita, além de corporações que andavam excluídas da visibilidade política, tais como policiais e militares, que enxergam no momento atual uma nova possibilidade de ascensão na estrutura de poder e consideração social. Todos querem influir e se sentir indispensável na comunhão brasileira.
Mas até aqui, natural, considerando as variáveis que informam e interessam na formulação de paradigmas em qualquer lugar.
Contudo, há de se perguntar: onde está a verdade? Não se cuida de saber com quem ela está, mas onde está. Claro, ela pode estar, ao mesmo tempo, nas altercações dialógicas entre as várias concepções de governo e Estado já citados, tendo em vista que a verdade, em Sociologia e Filosofia, tem apreensão dinâmica e dimensão que não se encerra, mesmo porque impregnada de axiologia moral e política, além da utilidade.
A verdade está muito próxima da síntese de vários fatos e discursos; deles, sintetiza naquilo que se possa considerar válido, possível e consequente, tendo em vista conceitos predefinidos como o do princípio da identidade, da não contradição etc.
Onde está? Afora os que idolatram ideologias, os fundamentalistas sociais ou religiosos, ou mesmo os ‘teimosos’ que pensam tudo saber, que não a encontrarão fora de suas visões de mundo, a verdade pode ser encontrada no outro, na alteridade.
Quantos estão lendo este modesto artigo e pensando nas diversas desavenças político-ideológicas, inclusive familiares, que causaram arestas ao bom convívio em comunidade? Não se costuma procurar a verdade, antes, a pressupõe num determinado argumento que lhe é de agrado. A tecnologia, neste aspecto, impôs seu próprio tempo e dimensão a esses acontecimentos. Tempo real e a participação direta, de todos. Em grupos de redes sociais, somos corresponsáveis.
A cada dia, a verdade se torna insignificante nas discussões políticas e ideológicas. As corporações, os partidos políticos, o carreirismo, os argumentos, as conversas, enfim, a convivência, dela se escondem.
Tem-se um cruel modelo de diálogo cibernético, as palavras são ditas de forma desconexas e lançadas no ar (na rede). Os interlocutores captam aquelas que estão a gosto, do peso e da dimensão intelectual de cada qual.
A tecnologia não superou a Platão e nem Aristóteles. Não forneceu modelos de convivência política em que a verdade fosse epicentro. Ainda são atuais.
É por aí…
*GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO (SAÍTO) é formado em Filosofia e Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); é da Academia Mato-Grossense de Magistrados (AMA), da Academia de Direito Constitucional (MT), poeta, professor universitário e juiz de Direito na Comarca de Cuiabá.
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