A avalanche de informações que borbulha nos meios de comunicação sobre o trágico avanço da Covid-19 parece ter anestesiado a consciência das pessoas. Covas abertas, corpos empilhados, hospitais superlotados, falta de equipamentos de proteção individual para profissionais da saúde, gente a beira da morte sem acesso a leitos de UTI ou de um respirador mecânico, o desespero de parentes e a disparada dos números funestos de óbitos, nada disso parece alterar o comportamento macabro das pessoas.
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Cordões humanos invadem shoppings, lojas, praças, abarrotam ruas e causam o frenesi próprio de uma vida normal que não mais existe. Nas grandes cidades, até o trânsito entrou em parafuso. Congestionamentos quilométricos são registrados diariamente em metrópoles como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife, onde o desprezo as normas de prevenção a propagação da Covid-19 são olimpicamente desprezadas. Essa cena se repete em Cuiabá, Várzea Grande, Tangará da Serra e, em praticamente todos os municípios de Mato Grosso.
O custo social dessa indisciplina generalizada será o adensamento de cemitérios e a elevação da temperatura dos fornos de crematórios. O enfrentamento a pandemia do novo coronavírus deixou de ser cientifica, virou guerra política e serviu para o pipocar de uma batalha campal de narrativas ideológicas de consequências funestas. Notícias falsas – as famosas fake news – acendem e mantém acalorados debates nas redes sociais. A insanidade intelectual nunca esteve tão em voga como nesse sombrio momento pandêmico.
Os defensores do libera tudo, como gado que segue inocente rumo ao frigorifico, caminham inconscientes em direção as catacumbas. Antes, porém, arrebanham desavisados seguidores. A frente dessa horda insana, falsos e demoníacos líderes políticos populistas minimizam os efeitos da doença e estimulam seus devotos a cometer suicídio coletivo, como fizera, no fatídico novembro de 1978, o reverendo “Jim” Jones, líder da seita Templo dos Povos. Narra a história que Jones ordenou que sua comunidade fizesse fila para beber um refresco em pó tratado com uma mistura de cianeto de potássio e calmantes, disposto em baldes industriais. Resultado da insanidade: 918 mortos, entre homens, mulheres e crianças.
No Brasil, boa parte dos 41 mil mortos pela Covid-19 não bebeu nenhum refresco ofertado pelo falso salvador da pátria, mas seguiram suas orientações e exemplos. Foram fazer companhia as vítimas de Jim” Jones.
Para desanuviar um pouco o clima de tensão – afinal, hoje é sexta – vai aí uma constatação, não da ciência, mas da polícia: o novo coronavírus não é apenas sinônimo de sofrimento, de dor aguda no peito, de infecção inflamatória dos pulmões e de mortes. A Covid-19, assim como o crime organizado, o narcotráfico e o contrabando de armas, tem seu lado alvissareiro.
Estribados na retórica de combate ao novo coronavírus, prefeitos receberam verdadeiras fábulas pecuniárias do governo federal. Muitos desses gestores estariam usando essa montanha de dinheiro para fazer compras superfaturadas, desnecessárias e para agradar aliados políticos. Um tarimbado agente da Polícia Federal confidenciou a este escrevinhador que a roubalheira estaria rolando livre, leve e solta em muitas prefeituras de Mato Grosso e do Brasil e deixou um aviso: “o uber black da PF já foi chamado. Prefeito, favor informar sua localização!”
*EDÉSIO DO CARMO ADORNO é advogado e Líder Comunitário em Mato Grosso.
E-mail: edesioadorno@gmail.com
CONTATO: www.facebook.com/edesioadorno