Em 2060, as projeções indicam que seremos um país de idosos

Na década de 90 a pirâmide etária do Brasil, ou seja, a divisão do país por faixas de idade tinha sua maior concentração nos anos iniciais. Desde então, o país teve uma redução da taxa de natalidade e, com isso, iniciou-se um processo de envelhecimento da população brasileira.

 

Em 2060, as projeções indicam que seremos um país de idosos, mas não vou falar neste texto sobre o futuro distante, mas sim, sobre alguns erros do passado e algumas soluções em curto prazo para garantir educação, qualificação e emprego para a imensa geração de jovens que está chegando ou já está na idade produtiva.

Recentemente fui fazer uma pesquisa sobre os indicadores educacionais de Chapada dos Guimarães, cidade em que nasci. Fiquei assustado com a taxa de escolarização das crianças e adolescente entre 6 e 14 anos de idade, que é de 95,7%, conforme dados do CENSO do IBGE realizado em 2010. Sim, 4,3% dos jovens não eram alfabetizados na época do censo, e isso é um número muito preocupante.

A realidade do meu município natal, embora pior que a média nacional, ajuda a representar um pouco do problema educacional existente, que pode ser retratado também por outros números.

Um exemplo, é que o Brasil é um dos países com maior número de pessoas sem ensino médio, cerca de 52% da população com idade entre 25 e 64 anos não possuem esse grau de escolaridade segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

 

Esses números impactam diretamente em uma série de indicadores, como produtividade do país, média salarial e consequentemente capacidade de acumular patrimônio e gerar poupança.

 

Mas o que isso tem a ver com os jovens do nosso país? Na era tecnológica, o espaço no mundo de trabalho para pessoas com pouca formação é restrito. A concorrência pelo emprego hoje é global, ou seja, terão vagas que podem ser disputadas por você e uma pessoa do Japão, por exemplo, mas, é claro, ambos precisam ter uma formação adequada para função.

 

Os números de jovens não alfabetizados no município de Chapada dos Guimarães e o número extremamente elevado de pessoas sem ensino médio no Brasil, mostram o fracasso educacional brasileiro. Sim, existiram avanços nos últimos 20 anos, mas esses avanços foram muito aquém do que deveria ser.

 

Enquanto o Governo Federal fez uma poupança de mais de 300 bilhões de dólares nos governos Lula e concedeu empréstimos a juros baixíssimos para uma elite do país, e manteve a injustiça tributária brasileira, onde o pobre paga proporcionalmente mais impostos que os ricos.

 

A maior geração de jovens do Brasil crescia sem ter acesso a uma educação de qualidade, com oportunidades de qualificação restrita e uma janela pequena para formação técnica ou superior. Dinheiro tinha, mas a opção política do governo foi outra.

 

Parte desta geração de jovens não teve nem acesso à educação, outra parte concluiu o ensino básico, outros concluíram o ensino médio e os que avançaram mais chegaram a universidade ou conseguiram uma formação em nível técnico.

 

E agora, o que fazer? O governo federal precisa urgentemente criar um programa de qualificação nas diversas escalas oferecendo opções para pessoas que possuem só o ensino básico, o ensino fundamental, ensino médio e, é claro, criando oportunidades para formação técnica e superior.

 

Essa medida auxiliaria no desenvolvimento do país, aumentaria a capacidade de produtividade do brasileiro e criaria perspectivas para o desenvolvimento do país pautadas na geração de emprego e aumento da renda média do brasileiro.

 

Mas, o triste, é que se estava ruim, parece que piorou. Após um ano de Governo Bolsonaro, o ministro da educação só se destacou na capacidade de criar polêmicas. Precisamos de um ministro e um governo que construa políticas e crie oportunidades.

 

O tempo está passando e nosso povo não espera, é preciso garantir acesso à educação e qualificação, isso deve ser prioridade no Brasil, somente assim vamos melhorar nossa produtividade e garantir uma melhor distribuição de renda.

 

Caiubi Kuhn é professor da Faculdade de Engenharia – UFMT Campus Várzea Grande.

Em 2060, as projeções indicam que seremos um país de idosos