A vereadora Edna Sampaio (PT) participou de reunião na Superintendência do Patrimônio da União (SPU) nesta quinta-feira (30) juntamente com os representantes da etnia indígena Warao para pedir que sejam cedidos imóveis da União para abrigar 150 indígenas da etnia que estão em situação de extrema pobreza na capital.
A reunião foi agendada pelo padre e professor do Departamento de Antropologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Aloir Pacini, que há três anos dá apoio aos indígenas. A vereadora e as lideranças foram recebidas pela Superintendente da SPU, Vera Lúcia Mayumi Tsuda.
“Os índios estão em condições subumanas e gostariam de ter um espaço para ficar aqui na cidade e tem inúmeros imóveis desocupados que nós gostaríamos de solicitar para que eles pudessem ter moradia e um local onde possam cultivar uma horta para a sua sustentabilidade. Isso é o que foi reivindicado”, explicou Edna Sampaio.
De acordo com Pacini, os indígenas estão desde 2020 em Cuiabá, e primeiramente, ficaram alojados, em condições precárias, no entorno da rodoviária da capital, de onde foram retirados e levados para uma casa no bairro Parque Cuiabá, porém não foi oferecido nenhum tipo de atendimento ou serviço a eles.
Lá, eles continuaram em situação precária e, de acordo com o padre, o local era mais insalubre ainda que a rodoviária, sendo uma casa muito quente, sem colchões e ventiladores, que tiveram que ser doados.
Após isso, eles foram removidos para o bairro Tijucal e hoje se encontram espalhados pelos bairros Canjica, Passaredo e Atalaia, depois de terem sido desalojados.
De acordo com o padre, no ano passado três crianças do grupo morreram devido às más condições dos alojamentos, onde não é possível fazer a limpeza, há más condições para o preparo de alimentos e a lotação está bem acima da capacidade dos imóveis.
“Estou acompanhando os Warao desde 2020 e é uma situação precária, sem solução. Estou muito esperançoso com essa presença da vereadora Edna Sampaio articulando conosco um lugar para eles em Cuiabá”, disse Pacini.
Ao todo 150 indígenas estão nessa situação. A etnia Warao veio da Venezuela, onde foi vítima de expulsão de suas terras, que estão sendo alvo de exploração por abrigar grandes riquezas.
O grupo já possui uma sugestão de lugar, na região central da capital, que será analisada pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e definida pela SPU em Brasília (DF).
“Vamos precisar de parcerias da Funai, estado e município, das universidades e ONGs para poder implantar um projeto de escola e atividades para que os Warao sejam bem acolhidos e respeitados na sua diversidade étnica”, afirmou Pacini.
Edna Sampaio destacou que os venezuelanos sofrem mais, pois têm mais dificuldades de adaptação e de encontrar meios de sobrevivência e faltam políticas públicas.
“Pouquíssimo ou nada é feito pelas autoridades locais. Tivemos uma política municipal para imigrantes aprovada e uma das questões importantes que constam lá é o Centro de Referência para atendimentos a migrantes, pessoas LGBT. Enquanto a prefeitura não consegue caminhar com medidas, precisamos agir”.
A parlamentar explicou que a cessão de imóvel não é feita a pessoa física, mas pode ser feita para uma universidade, que passaria a ser a zeladora detentora do imóvel destinado aos indígenas, e disse que discutirá o caso com as reitorias da UFMT e da Unemat.
O objetivo é que seja cedido um imóvel que permita aos indígenas viverem de acordo com sua cultura.
“Eles querem trabalhar, ter um lugar para ficar que não seja tão afastado da cidade para que possam ter acesso aos equipamentos de saúde, educação e onde possam plantar para sua sobrevivência”, disse Edna.
“É uma situação muito difícil e é preciso que nós nos sensibilizemos. Estive visitando o local onde eles estão. Vamos levantar todos os imóveis da nossa capital que podem ser destinados a esse tipo de moradia social”, argumentou.