Entre abraços e lágrimas, amigos e familiares se despediram de Éder Jofre nesta segunda-feira. O ex-pugilista de 86 anos morreu no último domingo em razão de consequências de uma pneumonia e teve o corpo velado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Primeiro medalhista olímpico do boxe brasileiro, Servílio de Oliveira fez uma homenagem ao ídolo e amigo, primeiro campeão mundial de boxe do país.
– Olha, eu não sei se ele recebeu todo o reconhecimento que ele merecia. Infelizmente o nosso país é um país que não tem memória, o Brasil. (…) Acabamos de perder nosso grande e querido Eder Jofre, o maior boxeador que esse país já teve e resta apenas lamentar – afirmou o também ex-lutador Servílio Oliveira.
Éder ficou muito perto de ser o primeiro medalhista olímpico do boxe brasileiro. Era favorito ao pódio nas Olimpíadas de Melbourne 1956, mas machucou o nariz durante os treinos. Mesmo sem conseguir respirar direito, seguiu nos Jogos e só parou nas quartas de final. Assim, coube a Servílio de Oliveira o posto de primeiro medalhista olímpico da modalidade, com o bronze do peso mosca no México, em 1968.
– Eder Jofre foi uma figura exemplar e excepcional, como atleta, como homem, como amigo. Eu tenho um respeito muito grande pelo Eder Jofre. Eu me espelhava sempre no Eder Jofre. Eu ficava vendo os movimentos que ele fazia em cima do quadrilátero para poder tentar fazer igual. Nós perdemos uma grande figura, infelizmente – relembrou Servílio.
Além de Servílio, a campeã olímpica do salto em distância, Maurren Maggi, também esteve no velório. Assim como Éder, ela foi atleta do São Paulo. O clube fez tributo ao ex-boxeador, enviando uma coroa de flores e uma bandeira, que foi colocado sobre o caixão. Presidente do Tricolor, Júlio Casares marcou presença. Campeão olímpico do judô, Aurélio Miguel também prestigiou o velório.
Filhos de Éder, Marcel e Andrea Jofre foram acolhidos por amigos e familiares. Os dois compartilharam memórias do pai. Andrea relembrou o carinho que Jofre recebia dos fãs pelas ruas de São Paulo e se disse feliz com todas as homenagens que o pai vinha recebendo ao longo dos anos.
– Vai ser difícil não ter memórias dele. Porque foi uma vida plena, e eu tive a felicidade de poder acompanhar um pouco a carreira dele presencialmente. Ficar no corner com o meu avô enquanto o meu pai lutava. São milhares de memórias que a gente vai levar a vida inteira. Hoje eu perco três pessoas em uma, eu perco meu pai, um amigo e um ídolo – afirmou Marcel, filho de Jofre.
Depois do velório aberto na Alesp, o corpo de Éder Jofre segue nesta tarde para Santos, onde haverá uma cerimônia de cremação, prevista para as 18h desta segunda-feira. (GE)