Cresce no mundo atos e ações contra o racismo. No Brasil, a população negra é enorme e vive numa difícil situação social e econômica.  Alguns números dessa dura realidade nacional.

No Brasil, diz o IBGE, 53% da população são de negros ou pardos. Só a Nigéria, com 190 milhões de pessoas, tem mais população negra que o Brasil. O Atlas da Violência mostra que 75% dos assassinatos no Brasil são de negros ou pardos. A taxa de homicídio entre os brancos caiu de 37 por 100 mil habitantes para 30 entre 2000 e 2017. A do negro subiu de 57 para 82.

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Analfabetismo entre os brancos é de 5%, entre os negros 11%. Entre os mais pobres 75% são negros. Somente 17% dos afrodescendentes estão entre os mais ricos ou aqueles que recebem acima de 11 mil reais por mês. No Brasil quem recebe essa quantia já está no mundo dos “ricos”.

Mais números sobre essa dura realidade. No IDH, aquele índice que mede renda, educação e qualidade de vida, o negro atingiu em 2010 o IDH do branco no Brasil do ano 2000. No ensino superior, em 2005, só 5,5% de participação dos negros. Hoje, depois do sistema de cotas, chegou a 15%.

E tem gente contra as cotas. Aquele estudante negro que tem curso superior vai ter melhor situação econômica. Daria melhor condição de vida a seus filhos e certamente os levariam para universidades. A sequência disso é a melhora de vida para muita mais gente.

Nos EUA tem o sistema de cotas também, chama Ação Afirmativa. É mais amplo que no Brasil. Não somente para entrar em universidades, mas em outras atividades ou lugares também. Numa Universidade, como exemplo, entram negros nos cursos e também na parte administrativa da Universidade. Tem lugar que reservou até um percentual em obras públicas para empresas de negros. Para que crescessem e lá na frente não necessitasse mais dessa ação.

Voltando ao Brasil. Foram 358 anos de escravidão. Fomos encontrando meios diferentes de deixar o negro para trás na escala social e econômica. Se o país não enfrentar essa realidade não vamos deslanchar.

Nos EUA os negros são 13% da população, a situação ali melhorou um pouco do que era, mas querem, com razão, mais espaço na vida nacional. Aqui não se vê uma movimentação nesse sentido ainda.

Não falo em radicalização ou coisa assim, mas um despertar que fizesse los de arriba olharem de forma diferente para los de abajos. Senão, quando eles despertarem, sabe-se lá o que poderia acontecer.

E os exemplos vêm do exterior, como as enormes movimentações contra racismo no mundo, depois do caso do brutal assassinato do norte americano, George Floyd, Tão fortes que até na ONU a coisa chegou. Os 54 países africanos, com assentos ali, conseguiram uma investigação sobre discriminação contra negros. O Brasil tem que se posicionar sobre isso, não pode mandar um recado errado ao enorme contingente negro no país.

*ALFREDO DA MOTA MENEZES é  professor universitário aposentado e analista político  em Mato Grosso.

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