Após cinco anos e meio, com títulos, gols e muito idolatria, Dudu assinou nesta segunda-feira com o Al Duhail, do Catar, e se despediu do Palmeiras com lágrimas nos olhos.
Em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com, o atacante se emocionou e chorou ao falar sobre o clube, a torcida e a saída repentina, sem um último encontro com o torcedor. Depois, em entrevista coletiva, Dudu admitiu que a acusação de agressão à ex-esposa pesou na decisão de ir embora.
– Eu estava ciente da proposta, mas não estava pensando muito. Mas quando aconteceu o problema com a mãe dos meus filhos, eu pensei. Todo dia uma matéria, uma entrevista, uma mentira diferente… Sei que não ia ter a paz que preciso ter para jogar futebol. Decidi que era momento para vir para o Catar. Agradeci muito para o presidente por ter insistido. Se fosse outro time não tinha me contratado, teria desistido. Eles insistiram, confiaram nas pessoas que trabalham comigo – falou Dudu.
O atacante falou também que recebeu mensagens pedindo para ele seguir no Palmeiras.
– Mas decidi que era o momento de sair, de respirar outros ares, tentar outras conquistas. Choro pelo carinho que tenho com o torcedor, o carinho que eles têm por mim, pelos meus filhos. A gente sabe que é muito triste, despedida nunca é bom, mas saio com o coração tranquilo, a cabeça tranquila, porque fiz meu melhor.
– Espero que eles entendam isso. Queria me despedir melhor deles, eles mereciam algo a mais. Mas, infelizmente, com essa pandemia, com esses assuntos durante essas semanas, não foi como a gente queria. Agradeço por tudo que vivi no Palmeiras, por todo o carinho que eles têm por mim. Eu também tenho por eles, eles sabem muito bem disso. Espero que não me esqueçam – disse Dudu, em meio às lágrimas.
Dudu também falou sobre como vai tentar acompanhar o Palmeiras à distância, contou que vai querer a medalha caso o Verdão seja campeão paulista e detalhou o carinho pelo Verdão – que ele promete carregar no Catar.
Confira a entrevista completa com o atacante:
GloboEsporte.com: Qual seu sentimento nas primeiras horas não sendo mais jogador do Palmeiras?
Dudu: É meio estranho, mas a gente cumpriu nosso objetivo no Palmeiras. Tive cinco anos e meio de muita alegria, muita dedicação. Sempre me dediquei ao Palmeiras nesses cinco anos e meio, isso nunca vão poder reclamar: de empenho, de respeito com a camisa do Palmeiras. Tenho na minha mente que sempre procurei dar meu melhor dentro de campo, nos treinamentos, no dia a dia. Saio tranquilo, com o coração em paz, que sempre fiz meu melhor com a camisa do Palmeiras.
– O Palmeiras, para mim, foi tudo. Foi onde me tornei jogador melhor, pessoa melhor. Fico até… Dá até um nó na garganta, na verdade. Um momento… Agradecer por tudo que o Palmeiras me proporcionou, de ter me tornado um jogador melhor, um homem melhor, né? Fico até triste por estar deixando o Palmeiras, mas feliz por estar começando um novo ciclo, uma nova etapa na minha vida. Espero ter aqui (no Catar) o sucesso que tive no Palmeiras.
Vai acompanhar o Palmeiras aí no Catar?
– Claro que vou estar sempre acompanhando, vou estar de longe torcendo, por tudo que o Palmeiras representa para mim, pelos meus amigos. Fiz muitos amigos no Palmeiras. Vou estar torcendo de longe. Espero que possam estar me acompanhando, estar torcendo. Tenho certeza de que o Palmeiras vai ter um ano legal, de conquistas, porque tem um elenco bom, jogadores de qualidade.
Já sabe como vai fazer pra acompanhar o jogo contra o Corinthians?
– Vou acompanhar, ainda tô meio no fuso. São seis horas para a frente, mas vou acompanhar. Estou indo dormir às quatro, cinco da manhã, por serem muitas horas na frente. Claro que vou estar aqui torcendo, acompanhando, vendo. Espero que meus ex-companheiros possam jogar bem, possam ganhar e dar continuidade no Campeonato Paulista. Tenho certeza de que vou fazer parte desse título.
Então você vai pedir a medalha se o Palmeiras for campeão…
– Com certeza, já falei que, se ganhar, tem que deixar minha medalha guardada. Participei de mais da metade do campeonato, pude contribuir um pouco. Espero que possam ganhar, tem muito tempo que o Palmeiras não ganha o campeonato. Pelos jogadores, pela comissão técnica, que estão fazendo um trabalho muito sério…
Você sai totalmente realizado ou sente que poderia ter conquistado algo a mais?
– Saio bem realizado, bem tranquilo, bem feliz. A gente sabe que poderia ter conquistado mais, ter chegado a uma final de Libertadores, que, a meu ver, em 2018 foi por pouco. Mas saio com o coração tranquilo, porque sempre procurei defender essa camisa com muito amor, com muito carinho. Não é um adeus, é um até breve. Espero voltar para terminar essa trajetória. Que tenha tanto sucesso quanto foi essa minha primeira passagem no Palmeiras.
– Quando eu cheguei, era praticamente uma aposta. A gente, por mais que tenha São Paulo, Corinthians, outras propostas na época, eu era jogador que todos falavam que não sabia fazer gol, não sabia finalizar, que não tinha comportamento dentro de campo. Hoje a gente sai recebendo carinho do torcedor, recebendo muita mensagem. Fico muito feliz, é fruto de um trabalho de cinco anos e meio. Espero ter sucesso aqui também, ter trajetória bonita aqui, e espero voltar para o Palmeiras.
A gente vê você muito emocionado, o que não é comum nas entrevistas. Tem algum motivo específico para essa emoção?
– Tudo um pouco, né? De saber que não vou mais vestir a camisa do Palmeiras, que não vou estar mais dentro do estádio, que não vou estar mais escutando o grito da torcida. A gente, que gosta do clube, que passou pelo clube, deixou história bonita dentro do clube, amizades dentro do clube… A gente sabe que vai ficar para sempre guardado na memória, no coração da gente. O Palmeiras está sempre no meu coração. Como sempre falo: não é um adeus, é um até breve. Tenho no Al Duhail que procurar fazer minha história também. Conheci a estrutura do clube, o estádio. Aqui é um país pequeno, se você desempenha um bom trabalho, você também vai ser reconhecido. Espero retribuir todo o esforço que o clube aqui fez por mim. O treinador veio conversar comigo, o presidente do clube. Eles estão muito felizes com minha vinda. Também espero ter sucesso aqui e fazer uma história bonita, como fiz no Palmeiras.
Você também recebeu mensagens dos jogadores, do Paulo Nobre…
– Fico feliz, mostra que você passou pelo clube e deixou uma história legal, amizade. Você vê ex-presidente comentando, vê um ídolo. Outras muitas mensagens que recebi e venho recebendo. É isso que a gente deixa para trás, no clube, na vida. Deixa amizades, deixa boas lembranças. Isso que orgulha o jogador, o ser humano: a gente ter o reconhecimento do seu trabalho, que você foi uma boa pessoa. Isso, para mim, é o mais importante.
– Foi um papo legal. É um treinador jovem, que tem ideias muito legais, como os treinadores brasileiros têm, de querer vencer, de querer estar em alto nível sempre. Espero me dar bem com ele, como sempre me dei bem com os treinadores que tive no Palmeiras. Por causa da pandemia, a gente tem ido fazer as coisas do clube e voltado para o hotel. É muito calor, a gente não aguenta ficar fora do ar condicionado. Fiz alguns exames hoje, assinei contrato. Tive algumas coisas para fazer. (Globo Esporte)