WELLINGTON FAGUNDES

 

Acostumados a apreciar os cenários naturais de Mato Grosso, onde três biomas se juntam para conferir belezas não encontradas em nenhum outro lugar do planeta, vemos nesta época do ano quase tudo se cobrir de cinza – consequência dos incêndios que devastam nosso estado sem poupar vidas, nem patrimônios naturais ou privados.

Entre os resultados estão os problemas de saúde da população pela má qualidade do ar, voos cancelados, rodovias bloqueadas, famílias inteiras correndo o risco de perder a casa, aldeias incendiadas, atrativos turísticos fechados, animais feridos ou mortos e perda de biodiversidade. Isso sem contar lavouras inteiras que foram consumidas pelos incêndios.

Qual o prejuízo de um voo que não pôde chegar ao seu destino? E dos compromissos adiados? E do reencontro com pessoas queridas que ficou para depois?

Qual o prejuízo de uma rodovia bloqueada? Qual o valor das cargas que deixaram de chegar? E do tempo perdido pelos passageiros que ficaram parados esperando a fumaça e as chamas se dissiparem?

O que fazer com os turistas que vieram até de outros países para conhecer as belezas naturais de Mato Grosso e, chegando aqui, ficaram decepcionados ao não poder visitar uma cachoeira, uma caverna ou avistar um animal?

Quanto custa a saúde comprometida pela fumaça e a má qualidade do ar, que afetam principalmente nossas crianças e idosos?

Vejo com tristeza os rios Araguaia e Paraguai, sempre tão abundantes de vida, com os menores níveis de água de toda a história. O pantanal com a pouca água sendo disputada por animais que lutam para sobreviver.

O prejuízo não é só para o meio ambiente, mas para todos nós e em vários aspectos, inclusive o econômico.

E esse cenário foi anunciado há muito tempo. A ciência no alertou. Eu mesmo, chamei a atenção para isso muitas vezes e decidi tomar algumas atitudes, como a construção de poços artesianos na Transpantaneira para abastecer de água os caminhões do Corpo de Bombeiros e matar a sede dos animais, além de destinar recursos para equipamentos, mobilizar os órgãos federais e chamar a atenção de autoridades, de cientistas e da população quanto à necessidade urgente de ações em benefício da vida, além de apresentar uma legislação para o nosso pantanal.

Estamos no limite de comprometer a vida de gerações que estão por vir. Qual é o legado que vamos deixar?
Não podemos continuar com essa situação. Vamos nos unir e fazer algo para salvar o nosso Mato Grosso, salvar o nosso planeta.

(*) WELLINGTON FAGUNDES é senador da República e presidente da Subcomissão do Pantanal no Senado Federal.

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