De todos os orgulhosos tricolores eufóricos presentes no Maracanã na noite de terça-feira, nenhum estava mais sorridente que Germán Cano. Argentino que deixou o país ainda jovem para fazer carreira nos vizinhos da América do Sul, o atacante nunca teve muito reconhecimento em sua terra natal. Até por isso o jogo contra o River Plate, um dos gigantes da Argentina, era uma chance de se mostrar seu valor aos conterrâneos. Por isso, o artilheiro do Fluminense queria muito fazer um gol.

Só que um era muito pouco para saciar a fome do camisa 14 tricolor nesse duelo. Na impressionante goleada por 5 a 1, Cano marcou três, chegou ao seu quarto hat-trick pelo Fluminense e levou até a bola do jogo para casa, autografada por todos os seus companheiros de time.

– Vai ficar marcado no coração de todos os nossos torcedores. Para mim também, poder fazer gol em um time argentino. Para mim significa muito porque me preparei muito para jogar. Não acreditava que ia fazer três gols, mas queria fazer um. Aí meus companheiros me serviram para poder fazer três, e podia ser quatro porque bateu uma bola na trave. Mas vai ficar marcado na galeria, até porque estou levando a bola para casa.

Na saída do Maracanã, Cano sorria de orelha a orelha. Ele ainda não sabia (talvez já imaginava) que viraria capa do Olé, maior jornal de esportes da Argentina nesta quarta-feira (veja na imagem abaixo). Questionado pela imprensa se agora os argentinos já o conhecem, o artilheiro falou rindo:

– (Risos) Acho que sim. A gente deixou tudo dentro do campo, fiz três gols, (tudo) muito lindo. Acho que agora vão me conhecer um pouco mais (risos) – disse, admitindo que apanhou bastante no jogo:

– Sim, muita porrada. Sabíamos que entraríamos no campo e iria ter briga, o argentino é assim, muito parecido com os brasileiros também. Sabíamos que ia acontecer isso, mas está tudo bem.

Cano na capa do Olé após Fluminense x River Plate: "O bateu com um Cano" — Foto: Reprodução

Cano na capa do Olé após Fluminense x River Plate: “O bateu com um Cano” — Foto: Reprodução

A curiosidade da imprensa argentina presente ao Maracanã foi tamanha, que fizeram duas perguntas ao Cano na entrevista coletiva ao lado do técnico Fernando Diniz. O atacante foi questionado se era verdade se na Argentina só jogaria no River e quanto custa seu “passe” (a Lei do passe acabou no fim dos anos 90, mas o termo ainda é usado em outros países no sentido de “multa rescisória”):

– Na verdade eu não disse isso (só jogaria no River). Sou torcedor do Lanús, e o Lanús para mim é a minha casa. E voltar para a Argentina não está nos meus planos, estou muito feliz no Fluminense. Formamos uma família. E a minha família também está muito feliz aqui. Já tem três anos que estamos aqui e desfrutamos muito do presente que eu atravesso. A verdade é que cada dia me supero em muitas coisas. Espero seguir dessa mesma maneira e ajudando sempre a equipe.

Artilheiro do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil na temporada passada, Cano completou o “álbum” do futebol brasileiro ao terminar como goleador também de um estadual ao brilhar no Carioca desse ano. E agora ele mira a artilharia da Libertadores: com cinco gols, está só um atrás do colombiano Pabón, do Atlético Nacional, da Colômbia.

– Dá (para buscar), porque temos um time muito bom. Os jogadores da frente facilitam muito para que aconteçam jogadas de gol, então acho que vamos brigar por tudo isso.

Com 100% de aproveitamento até aqui no “grupo da morte” da Libertadores, o líder Fluminense foi a nove pontos e se aproximou da classificação para as oitavas de final. Os outros times da Chave D, River Plate, The Strongest (Bolívia) e Sporting Cristal (Peru), somam três pontos cada um. (GE)