Vitória sobre o Atlético-GO, Inter classificado às quartas de final da Copa do Brasil… Mas as entrevistas coletivas de pós-jogo na última terça-feira, no Beira-Rio, deixam exposto um atrito entre diretoria e o técnico Eduardo Coudet.

O treinador falou uma vez mais em necessidade de ampliar o grupo e ter mais reforços de “hierarquia” à disposição. Também disse que será preciso de tempo até que o último contratado, Maurício, de 19 anos, se adapte ao elenco e ao futebol profissional.

Mais tarde, o executivo Rodrigo Caetano deu uma resposta em tom inverso: exaltou o elenco “extremamente qualificado” montado pelo clube em 2020. E afirmou que o meia que chegou do Cruzeiro pode, sim, atuar a curto prazo.

A situação eclodiu na última terça-feira. Mas o desconforto da diretoria com as declarações recorrentes do argentino sobre ter um “grupo curto” e de que, por isso, o Inter “às vezes, jogamos o que queremos, às vezes, jogamos o que podemos”, vem há mais tempo.

Conforme apurado pelo ge, as entrevistas em sentidos diferentes geraram desconforto à diretoria e também ao treinador.

Nos corredores do clube, há quem entenda que o discurso adotado por Coudet centraliza os méritos das vitórias em seu trabalho e repassa as responsabilidades pelas derrotas aos jogadores.

Além disso, o clube passa por severas dificuldades financeiras. E entende que faz até mais do que pode para trazer reforços. Foram 14 contratações na temporada, embora Gustavo já tenha deixado o Inter.

O primeiro a falar nesta terça-feira foi Coudet. Questionado sobre a utilização de Maurício, ele disse que o garoto precisaria de tempo até estar em plenas condições, mesmo que ele seja figura constante na seleção sub-20. E que tenha chegado para suprir a ausência de Boschilia.

– É um jogador que quase não trabalhou no profissional. (Temos que) Fazer com que se adapte e entenda como é ser um jogador do grupo principal. Tomara que seja uma solução em três, quatro dias. Mas temos que adaptá-lo, trabalhar. Ou vira mais trabalho. É um garoto com características que gosto. Mas como Yuri (Alberto), não o colocarei como solução. – disse o treinador.

A declaração de Chacho acabou rebatida por Caetano. O dirigente é um entusiasta do futebol de Maurício e foi o artífice da contratação. Ele entende que Maurício já pode atuar pelo Inter, após ter participado de 41 jogos, com seis gols marcados pelo Cruzeiro.

– No momento que o Chacho define “jogador não ter jogado primeira divisão”, não é obrigação dele saber que estava no Cruzeiro e jogou a primeira divisão do ano passado. Mas quais as outras equipes que não colocaram seus jovens? Se tivermos bons valores em casa, vamos aproveitar, sim. Estamos em um ano de pandemia e já mostramos o quanto ficamos limitados de investimento neste momento – rebate Caetano.

Antes de falar sobre Maurício, o executivo já havia saído em defesa do grupo. O dirigente citou o esforço feito pelo Inter para reforçar o elenco e lembrou o ano de 2019, em que o clube foi finalista da Copa do Brasil e chegou às quartas da Libertadores.

– Se ele se refere ao elenco limitado em número, tenho que me referir ao grupo extremamente qualificado. Sobre reforços, é sempre relacionado ao desejo e vontade. Não é nossa realidade, não adianta. Eu jamais vou ficar reclamando do elenco. Podíamos ter opções, mas não podemos. Só adquirimos algo que possamos pagar. E vamos lutar em todas. No ano passado já foi assim, por que agora também não pode ser? – indagou.

Os próximos dias serão de debate interno e análise sobre contratações e também sobre a utilização de Maurício. Reina a expectativa se estará à disposição para o duelo com o Coritiba, no domingo, às 16h, no Beira-Rio, pela 20ª rodada do Brasileirão. (Globo Esporte)