A diretoria da CBF resolveu ampliar por mais 60 dias o período de afastamento de seu presidente, Rogério Caboclo. O dirigente já estava afastado desde o dia 6 de junho, por uma decisão da Comissão de Ética, tomada dois dias depois de o ge revelar uma denúncia de assédio sexual e assédio moral apresentada por uma funcionária da CBF contra Caboclo. Ele nega as acusações.
A apuração da Comissão de Ética sobre a denúncia de assédio continua em andamento. Se o órgão entender que Caboclo deve ser destituído da presidência, uma assembleia geral será convocada para votar a medida, o que pode ocorrer antes do fim do prazo de 60 dias de afastamento.
Rogério Caboclo foi procurado após a decisão da diretoria da CBF, mas ainda não se pronunciou. Esta reportagem será atualizada assim que houver manifestação do dirigente. A medida foi tomada em reunião realizada ao longo da noite desta quinta-feira e tem como base o artigo 143 do Estatuto da CBF, que diz:
Art. 143 – Nos casos de urgência comprovada, a Diretoria da CBF poderá afastar, em caráter preventivo, qualquer pessoa física ou jurídica direta ou indiretamente vinculada à CBF que infrinja ou tolere que sejam infringidas as normas constantes deste Estatuto ou do Estatuto da FIFA ou da CONMEBOL, bem como as normas contidas na legislação desportiva e nos regulamentos da CBF.
De acordo com diretores ouvidos pela reportagem, uma possível volta de Rogério Caboclo antes do fim das investigações poderia criar problemas com patrocinadores. Já aliados de Caboclo alegam que os diretores temiam ser demitidos pelo presidente afastado, caso ele voltasse ao cargo após o fim do período de afastamento inicial determinado pela Comissão de Ética.
A decisão da diretoria de afastar um presidente da entidade é inédita na história da CBF. Em 2015, José Maria Marin, então presidente da confederação, foi preso na Suíça acusado de receber propina num megaesquema de corrupção internacional. Marco Polo Del Nero, sucessor de Marin, também foi banido do futebol pela Fifa por acusações semelhantes, em 2018.
Na tarde desta quinta-feira, horas antes da reunião que decidiu ampliar seu afastamento, Rogério Caboclo disparou contra Marco Polo Del Nero, seu mentor e ex-aliado. O presidente afastado acusou Del Nero de ter feito uma proposta de acordo no valor de R$ 12 milhões para evitar que uma funcionária da CBF apresentasse uma denúncia de assédio sexual e moral contra ele, Caboclo.
A acusação contra Del Nero foi feita numa nota distribuída por Caboclo à imprensa nesta quinta-feira. O presidente afastado da CBF anexou a cópia de um bilhete, que ele diz ter sido escrito por Del Nero, com os cálculos que resultaram no valor de R$ 12 milhões.
No último dia 26, Caboclo chegou a enviar uma petição à Comissão de Ética da entidade solicitando a anulação de sua suspensão e a sua recondução ao cargo. (Globo Esporte)