O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou nesta segunda-feira um pedido do Senado e decidiu que estão bloqueadas as emendas de comissão indicadas pelos senadores. Emendas são recursos que parlamentares indicam no Orçamento e normalmente são aplicados em obras e serviços em suas bases eleitorais.

Dino abriu uma exceção e manteve a validade de emendas que foram empenhadas antes do dia 23 de dezembro, desde que não constem em um ofício enviado no dia 18 pelo Senado ao governo federal, que foi considerado nulo. No total, esse ofício indica o destino de R$ 2,7 bilhões em verbas.

Mais cedo, o Senado havia afirmado, em petição direcionada a Dino, que cumpriu as exigências de transparência na indicação de emendas de comissão. Por isso, solicitou que o ministro autorizasse o Executivo a empenhar os valores indicados por seus membros até o fim do ano, na terça-feira.

Dino afirmou que a o Senado está em “um degrau mais elevado de transparência” em relação à Câmara, por ter individualizado a indicação de cada emenda entre os líderes partidários.

Entretanto, ressaltou que não foram apresentadas as atas das indicações, e por isso questionou: “como empenhar uma ‘emenda de comissão’ cuja indicação do beneficiário e o valor a ser a ele repassado não foram aprovados pela Comissão?”.

Para o ministro, essa exigência é importante porque “todos os senhores senadores são iguais no que se refere ao emendamento no processo legislativo orçamentário”, e não caberia apenas aos líderes partidários fazer a indicação das emendas.

Dino ainda negou que o STF esteja invadindo a competência do Legislativo e disse que a Corte está apenas fiscalizando o cumprimento de regras aprovadas pelo próprio Congresso. Isso porque uma resolução do Congresso, de 2006, determina que as emendas de comissão devem ser “apresentadas juntamente com a ata da reunião que decidiu por sua apresentação”.

Na semana passada, o ministro já havia suspendido a execução de R$ 4,2 bilhões de emendas indicadas pela Câmara. Em decisão no domingo, o ministro manteve o bloqueio, mas abriu algumas exceções.

A Câmara, contudo, alegou na sexta-feira que o Senado havia utilizado o mesmo procedimento na indicação das emendas. Por isso, o ministro do STF havia solicitado no domingo uma manifestação da Casa Legislativa.

(Por Daniel Gullino — Brasília)