As medidas anunciadas pelo governo federal referentes à oferta de crédito para micro e pequenas empresas durante a pandemia não se concretizaram e a realidade tem se mostrado dura para os empresários.

De acordo com levantamento realizado pelo Sebrae Nacional, apenas 16% das empresas que buscaram alguma linha de crédito durante a pandemia conseguiram a liberação dos recursos, em Mato Grosso a situação é ainda pior, apenas 7,5% dos empresários do Estado que solicitaram crédito conseguiram, segundo pesquisa divulgada pelo Sebrae-MT.

A pesquisa revela ainda que no total, 35% dos micro e pequenos empresários buscaram empréstimos e financiamentos durante a pandemia. Foram ouvidos 412 empreendedores entre 5 e 12 de junho.

De acordo com o Sebrae Nacional, a pesquisa aponta que a dificuldade em conseguir o crédito é fatal para a sobrevivência do negócio durante o período de queda na receita. Sem condições para quitar compromissos, não há outra saída para o empresário a não ser fechar as portas.

E o reflexo disso é sentido em todo o país. Mato Grosso, por exemplo, registrou em maio o terceiro mês consecutivo de aumento no número de desempregados. Segundo dados do Ministério da Economia, por meio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), no 5º mês do ano 892 trabalhadores formais perderam seus empregos com carteira assinada. O acumulado no ano chega a 1.978 vagas de trabalho cortadas pelas empresas.

“Isso é reflexo da crise econômica que vivemos. , e Apesar dos esforços do governo federal, o crédito não chegou às mãos das pequenas e microempresas. Sem dinheiro para pagar as contas que não param de chegar, o empresário infelizmente não consegue tocar a empresa e acaba fechando, e consequentemente, demitindo seus colaboradores”, explica o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Calçados e Couros de Mato Grosso (Sincalco-MT), Junior Vitamina Macagnam.

Ao todo, 518 mil micros e pequenas empresas brasileiras fecharam as portas de vez durante a crise. Este segmento responde por cerca da metade dos empregos com carteira assinada do país.

O levantamento do Sebrae ouviu mais de 7 mil micro e pequenos empresários em todo o Brasil no fim de maio e começo de junho. Dos que fecharam os negócios, 43% disseram que o que mais teria ajudado a evitar essa situação seria apoio financeiro do governo, e 18% citaram um empréstimo bancário.

“Esse dinheiro precisa chegar a quem precisa, não podemos perder empresas que geram emprego e renda para a população por não conseguirem acessar o crédito. A crise sanitária junto a crise econômica é o pior dos cenários, podemos pelo menos neste momento amenizar as perdas financeiras e conseguir manter a renda de milhares de famílias que dependem das pequenas empresas para sobreviver”, ressalta Macagnam.