Eduardo Gomes
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Datas e mais datas reverenciam profissões no Brasil. O repórter também é reverenciado no festivo calendário do oba-oba. A mania do dia ‘disso e daquilo’ definiu que 16 de fevereiro é o Dia do Repórter.
Discordo de uma data para reconhecer o trabalho do repórter. Acho que jornalista somente deve ser notícia quando morre ou é preso. Fora disso, não, sem excluir sua condição de vítima quando processado por poderosos que não aceitam a verdade a seu respeito.
Minha discordância não é desrespeitosa com a categoria, que afinal é a minha. É apenas o meu modo de ver os colegas, que no meu entendimento não devem ser paparicados com uma data – coisa vulgar para tantas categorias. Entendo que repórter é mais que profissão: penso que quem efetivamente honra o que faz, é profissional dentro e fora da redação, cumprindo pauta ou não, em todos os dias, todas as horas, todos os minutos. O simples cair de uma folha pode render uma reportagem. O olhar aguçado sobre o além do texto produzido por algum colega costuma abrir portas para abordagem com profundidade.

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Um dia para o repórter é limitador de sua atuação, por mais que a intenção seja reverenciá-lo. Isso, principalmente na quadra em que estamos nas terras mato-grossenses onde a censura econômica, a mordaça empregatícia e a pressão política e sindical fazem do repórter um Mané Bajulador sob pena de tornar-se alvo de ação judicial ou receber bilhete azul.
Penso que no cenário em que nos encontramos o repórter encontra-se ao fio da navalha. Qualquer escorregão pode pulverizá-lo. Permanecer onde está é a arte do equilibrismo. Pobre categoria repórter, tão pressionada, tão desprestigiada e tão canibalizada pela comunicação eletrônica.
Vida profissional longa aos colegas. Salve-se quem puder!

(Eduardo Gomes)