Dezenove pontos de bloqueios em rodovias federais e estaduais de Mato Grosso foram liberados na manhã desta terça-feira (22), de acordo com o Gabinete de Crise do governo estadual. As ações começaram durante a manhã e policiais usaram maquinários para limpar as barreiras feitas para fechar as estradas. O estado tem sido um dos principais focos das manifestações antidemocráticas. Segundo balanço da Polícia Rodoviária Federal, todos os pontos de bloqueio do país nesta terça-feira eram em Mato Grosso.

Ainda conforme o estado, equipes da Força de Segurança atuaram em dez pontos de rodovias federais, seis de vias estaduais e duas em estradas municipais. Há ainda oito pontos com bloqueios parciais e aglomeração de pessoas em 12 locais. Veja a lista dos trechos liberados abaixo.

“O gabinete tem agido desde que as manifestações tiveram início. Contudo, a mudança no perfil do movimento, as forças de segurança deram início à operação para desobstrução de todas as rodovias do estado”, informou o estado. A Polícia Rodoviária Federal informou, na segunda-feira (21), que as manifestações se tornaram mais violentas a partir do fim de semana.

O governo informou ainda que acompanha os locais e vai atuar onde houver novas interdições e crimes estiverem sendo cometidos.

Em Primavera do Leste, o bloqueio na BR-070, a 239 km de Cuiabá, foi liberado por volta das 15h. Polícia Rodoviária Federal e Corpo de Bombeiros atuaram no local, que estava com pneus incendiados sobre o asfalto.

Outro trecho liberado, na BR-163, fica em em Lucas do Rio Verde, a 360 km da capital. Grupos contra o resultado das urnas usaram terra e pneus queimados para fazer barreiras e impedir o trânsito na pista. Por causa do volume, a rodovia teve de ser limpa com o uso de um maquinário — uma motoniveladora.

Já em Sorriso, 420 km de Cuiabá, também na BR-163, Polícia Militar e Polícia Rodoviária Federal desobstruíram as pistas, que estavam fechadas com pneus e madeiras. O serviço de inteligência irá permanecer no local para manter o tráfego liberado e, segundo a PM, quem tentar bloquear as pistas novamente será preso e apresentado à Polícia Judiciária Civil.

Rodovias liberadas

 

  • BR 174 – Comodoro
  • BR 163 – Sinop
  • MT 140 – Sinop
  • MT 320 – Colíder
  • BR 174 – Pontes e Lacerda
  • BR 174 – Conquista D’Oeste
  • MT – Campos de Júlio
  • Estrada Municipal em Alta Floresta
  • BR 364 – Rondonópolis
  • BR 163 – Nova Mutum
  • BR 163 – Lucas do Rio Verde
  • BR 364 – Diamantino (Ponto 1)
  • BR 364 – Diamantino (Ponto 2)
  • BR 163 – Sorriso
  • BR 158 – Água Boa
  • MT 240 – Água Boa
  • MT 242 – Querência
  • MT 010 – Ipiranga do Norte

Violência

A PRF informou na segunda-feira que 14 pessoas haviam sido presas até então. Com elas, foram apreendidos armas e aparelhos celulares, que devem ajudar nas investigações para identificar organizadores e financiadores dos atos antidemocráticos.

No mesmo dia, duas pessoas foram presas em Sorriso com revólveres e gasolinas, quando tentavam incendiar um caminhão. Um deles é um agricultor que, em vídeos nas redes sociais, solicitava doações em dinheiro em apoio à manifestação e alimentação dos participantes.

A polícia também encontrou ligações entre o atentado a um posto de atendimento da Concessionária Rota do Oeste, em Nova Mutum, a 271 quilômetros ao norte de Cuiabá, e os bloqueios das estradas. No fim de semana, um grupo incendiou uma ambulância e um guincho, atirou em outros veículos e rendeu funcionários.

Governador em exercício Otaviano Pivetta (Republicanos) acionou a Polícia Militar e a Força Nacional de Segurança Pública contra os bloqueios (Fotos: Mayke Toscano/Secom-MT)

 

Cenário

O Mato Grosso tem sido um dos principais focos de bloqueios antidemocráticos. Desde o dia 30 de outubro, o estado vem registrando intervenção de grupos contra o resultado das urnas em rodovias. Mesmo após a redução dos pontos de bloqueio pelo país, a mobilização vem se mantendo e motivou a intervenção da Justiça nos últimos dias.

Os Ministérios Públicos Federal e Estadual recomendaram ao governador em exercício, Otaviano Pivetta (Republicanos) que acionasse a Polícia Militar e a Força Nacional de Segurança Pública contra os bloqueios. A recomendação foi feita no último fim de semana, quando o volume de bloqueios cresceu no estado.

De acordo com os órgãos, eles já tinham acionado a Força Nacional mas o pedido havia sido negado porque, seguindo uma determinação do STF, apenas o governador do estado pode pedir esse tipo de intervenção. Mesmo com a crescente dos bloqueios, Pivetta ainda não havia se manifestado sobre ações para conter os grupos.

Dois dias após a recomendação, o estado informou que não acionou a Força Nacional, mas que mobilizou a segurança estadual em conjunto na ação. O Gabinete de Crise mobilizado é composto por PM, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Pericia Oficial e Identificação (Politec), Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal e órgãos de inteligência.

Caminhões de ato em Brasília partiram de MT

O estado não só tem sido um dos maiores alvos de bloqueio, como tem sido citado em atuações fora de suas fronteiras. Relatórios da Polícia Civil do Distrito Federal enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) apontam que dos 116 caminhões que participaram de atos antidemocráticos em Brasília, principalmente nas proximidades do Quartel General do Exército Brasileiro, 50 veículos eram de Mato Grosso.

Doze veículos, conforme o documento, estão registrados no CNPJ das empresas Agritex Comercial Agrícola Ltda e Vape Transportes Ltda. Ambas pertencem a Gerson Luis Garbuio e estão localizadas em Água Boa, a 736 km de Cuiabá.

Elas também figuram entre as 43 empresas – 34 só de Mato Grosso – que tiveram as contas bloqueadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, por suspeita de financiar e organizar as manifestações em Brasília e no estado.

Das 28 empresas mato-grossenses listadas pela Polícia Civil, 14 tiveram o bloqueio financeiro determinado. Entre elas, cinco fizeram doações à campanhada para reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), como Garbuio e Atílio Elias Rovaris, responsável pelo repasse de R$ 500 mil.

g1 continua tentando contato com as empresas sobre a identificação nos atos.