Os números de Câncer de Pele no Brasil continuam alarmantes: de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a média é de 176 mil novos casos por ano. Cerca de 2.300 pessoas morrem por conta da doença anualmente. E o mês de dezembro, quando começa o verão, é o escolhido para reforçar a conscientização sobre o tema.
Conhecido como Dezembro Laranja, o período destaca a importância da prevenção e do diagnóstico precoce, fator que aumenta as chances de cura. Segundo a médica dermatologista Natasha Crepaldi, uma mancha na pele que cresce, às vezes coça, sangra e não cicatriza pode ser um alerta.
O câncer de pele é o tipo de câncer com maior incidência de casos no Brasil e pode se manifestar basicamente de três maneiras: carcinoma basocelular, carcinoma espinocelular (não-melanomas) e o mais grave deles, o melanoma. “O melanoma representa 4% dos casos e os não-melanomas correspondem a 90% dos cânceres de pele, com significativas chances de cura, se for detectado e tratado precocemente”, explica a médica.
A forma mais importante para reduzir o risco é proteger-se da radiação ultravioleta. “Proteja-se do sol quando estiver ao ar livre, evitando a exposição prolongada diretamente à luz solar, especialmente entre às 10 h e 16 h, quando a luz UV é mais intensa”, orienta a dermatologista, acrescentando que o uso de protetor solar em áreas de pele expostas ao sol é essencial e com preferência com fatores de proteção solar (FPS) 30 ou mais. Segundo ela, até mesmo em dias nublados é recomendado o uso do protetor solar. Entretanto, para garantir a proteção, os filtros solares devem ser reaplicados, a cada 4 horas, ou após suor excessivo ou contato com água.
O médico dermatologista Paulo Reis pontua que as roupas também fornecem diferentes níveis de proteção contra a radiação ultravioleta (UV): tecidos firmes protegem melhor do que tramas entrelaçadas. Todavia, é importante saber que apenas se cobrir não bloqueia toda a radiação ultravioleta. “Outros complementos como chapéu com aba ajudam a aumentar a proteção de testa, couro cabeludo, orelhas, olhos e nariz. Observe se o seu boné deixa pescoço ou as orelhas expostos. Nestes locais, normalmente os cânceres de pele começam a se desenvolver”, comentou Paulo. Para se ter uma ideia, óculos com capacidade de bloquear a radiação UV, de pelo menos 99%, oferecem a melhor proteção para os olhos e para as pálpebras.
Neste ano, a Sociedade Brasileira de Dermatologia elegeu crianças para ilustrar as campanhas informativas sobre o Dezembro Laranja, reforçando o cuidado com os pequenos, bem como a necessidade de conscientizar a pessoa desde cedo sobre a prevenção. Para Paulo, as crianças precisam de atenção especial, pois ficam mais tempo ao ar livre, entram mais na piscina ou brincam com água.
Outra observação essencial, alerta a dermatologista Natasha diz respeito às pintas: “verificar a pele regularmente permite a detecção de pintas novas, irregulares ou outras alterações”, afirma. Para auxiliar nesta luta contra o câncer de pele, a Sociedade Brasileira de Dermatologia divulga o exame do ABCDE, observação que pode ajudar a perceber lesões suspeitas: Assimetria: as metades da pinta são simetricamente diferentes uma da outra; Borda irregular: quando o contorno da pinta ou mancha não é liso; Cor: a pinta ou mancha tem diferentes cores, como preto e marrom claro ou escuro; Diâmetro: o sinal ou pinta têm diâmetro maior que 6 mm; e Evolução: crescimento ou modificação da pinta.
O diagnóstico normalmente é feito pelo dermatologista, por meio de exame clínico. Alguns casos exigem um exame invasivo, que é a biópsia. “Ao perceber algo diferente na pele, uma mancha ou pinta suspeita, procure um médico, afinal diagnóstico precoce salva vidas”, finaliza Natasha.