A ela, deusa Maia, é nominado o mês de maio. Da mitologia grega é uma das sete filhas de Atlas e Pleione. Já na mitologia romana, Maia Majestas é a deusa da fecundidade, da projeção da energia vital e da primavera.

Majestas significa o despertar da primavera e do renascimento. Identificada com a fauna e a boa deusa, Majestas também é considerada deusa da fértil estação de chuvas, sendo equivalente a uma velha deusa da primavera dos primeiros povos itálicos. O nome Maia tem o sentido literal de ‘pequena mãe’, tradicionalmente dado a uma mulher idosa, avó, ‘ama de leite’ ou parteira.

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É narrado pela mitologia grega que Maia e suas seis irmãs foram transformadas no aglomerado estelar das Plêiades, integrantes da constelação de Touro, passando a viver na Via Láctea, para que elas pudessem se livrar das garras do gigante Órion.

O vocábulo ‘maiêutica’ também teria provido de Maia. O primeiro e o décimo quinto dia do mês de maio eram consagrados a ela.  Na obstetrícia a terminologia é designada para significar a ‘arte de realizar partos’. Também designa na filosofia um termo socrático que se refere a um jogo dialético de perguntas sucedidas de mais perguntas. Maiêutica apresenta a ideia de pensar em pessoas que acham que conhecem muito de determinado assunto, mas na verdade só conhecem rasamente. Conhecimento conceitual nem sempre seria atributos de pessoas consideradas sábias.

Conta a história que a mãe de Sócrates seria parteira. E ele – Sócrates – afirmava que havia seguido a profissão da genitora, com a diferença que os seus partos eram de ideias e ideais. Acreditava esse filósofo que não detinha conhecimento para plantar juízos e conceitos, mas, sim, para retirá-los de outras pessoas.

A maiêutica se firmou como a arte do diálogo e da desconstrução dos argumentos. Buscava-se a construção de conceitos, que seria mais importante do que atirar palavras ao ‘vento’.

Foi dito, ainda, que Maia seria a versão do Ocidente, da rainha Maya, progenitora do Buda. E que representava a sexualidade e a reprodução.

O quinto mês do calendário, maio, sempre significou vulgarmente o ‘mês das noivas’, o ‘mês das mães’. É, também, dedicado à Maria no calendário do catolicismo.

Ao refletir sobre tantos significados e representação em torno de ‘Maia’(e do mês de maio), é possível perceber que liberdade, multiplicidade e dialética são apenas alguns deles. As mulheres são como Maia. Significam, representam, são múltiplas, e a tudo conseguem atender em pouco lapso temporal. Seria tudo isso por necessidade?  Por obrigação?

Com a necessidade atual, principalmente dos múltiplos ataques contra o gênero feminino, importante é relembrar outros significados. O respeito às mulheres vai além de denotações e conceitos. Respeito à vida, à vontade, à sexualidade, à liberdade, à expressão. Maio, para além de ‘mês das mães’ e ‘mês das noivas’, deve nos rememorar a Maia presente em cada uma.

*ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS  é defensora pública em Mato Grosso.

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